Em 2022, mais de 209 mil brasileiros enfrentaram transtornos mentais no ambiente laboral. Esse foi um dos temas discutidos no Seminário "Setembro Amarelo: Saúde Mental, Trabalho e Capital", nesta terça (18), no Auditório Prestes Maia da Câmara Municipal de São Paulo.
A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro participou do evento, que contou com a participação da deputada Tabata Amaral (presidente da Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental na Câmara Federal); a vereadora Jussara Basso (vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara Municipal de São Paulo); Cris Lopes (psicóloga) e Luciene Neves (presidente da ONG Pacto Social & Carcerário). A mediação foi de Mariana Serrano, sócia do Crivelli Advogados.
"A categoria bancária é uma das que mais sofre com transtornos mentais e afastamento no ambiente de trabalho, em função das metas abusivas. Trabalhamos incansavelmente para incluir cláusulas que protejam o trabalhador e mantemos uma Secretaria de Saúde que oferece atendimento aos bancários, para denúncias, acolhimento e esclarecimentos. Só esse ano já tivemos 686 atendimentos no nosso canal de denúncias, sendo 403 atendimentos relacionados a depressão, ansiedade e transtornos mentais, o que demonstra a importância de abordar questões de saúde mental no local de trabalho e oferecer apoio aos trabalhadores que enfrentam esses desafios", destacou Neiva Ribeiro.
A Vereadora Jussara Basso, responsável pelo Seminário, destacou que na cidade de São Paulo existem apenas 102 unidades de CAPS (Centros de Acolhimento Psicossocial). “Isso significa que o déficit é imenso. Quando você olha para regiões como a chamada Cracolândia e pessoas cometendo crimes contra a sua própria vida, você percebe que realmente estamos precisando melhorar o atendimento de saúde mental. Saúde mental inclui moradia digna, empregabilidade e a mobilidade urbana”, completou Jussara.
Tabata Amaral, presidente da Frente Parlamentar em Promoção da Saúde Mental na Câmara Federal, lembrou a importância de se pensar políticas públicas voltadas à prevenção ao suicídio e aos cuidados com a saúde mental começando por um investimento maior do governo: Ätualmente, a cada R$ 100,00 investidos na saúde, apenas R$ 3,00 vai para a saúde mental, um valor muito baixo diante da realidade dos adoecidos mentalmente”.
A psicóloga Cris Lopes, coordenadora do Fórum Nacional de Prevenção e Posvenção ao Suicídio nas Universidades e Escolas, fez um alerta para o aumento de casos de suicídio entre jovens. “Depois da pandemia, o Brasil estourou em níveis de incidência de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos. Nós superamos o Japão”, destacou.
Mariana Serrano, do MATI (Movimento da Advocacia Trabalhista Independente), exemplificou o resultado da relação trabalho x capital: “Nós atendemos e advogamos para pessoas, para a classe trabalhadora, e essas pessoas chegam adoecidas para o nosso cuidado e para o nosso atendimento”, disse.
Na categoria bancária, em 2012, os afastamentos acidentários foram motivamos em maior proporção por doenças “Osteomuscular e Tecido Conjuntivo” (48,7%), como transtornos musculares, já em 2022, as doenças Mentais e Comportamentais foram responsáveis por 57,1% do total dos afastamentos. "É preciso que as instituições financeiras cumpram seu papel social e que tenhamos políticas públicas para enfrentar esse grave problema, que atinge toda a sociedade, isso inclui maior investimento na saúde, diminuição da jornada para 4 dias e atendimento adequado para os trabalhadores", afirmou Neiva Ribeiro.