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São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, que deverá ser reconduzido ao cargo para um mandato de quatro anos, criticou governo e oposição durante a abertura do congresso nacional da entidade, mas lembrou que a central rejeitará qualquer tentativa de "golpe" contra o mandato presidencial, indo às ruas também para defender a democracia como a manutenção de conquistas sociais. "Estamos prontos para enfrentar os golpistas e os ataques a nossos direitos no Congresso", afirmou, destacando a necessidade de "sair juntos" da crise, com a presença da sociedade "organizada e responsável". Na sexta 15, a CUT apresentará uma proposta de programa econômico.
O 12º Congresso Nacional da entidade (Concut) foi aberto na terça 13 à noite, com as presenças da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do senador José Mujica, ex-presidente do Uruguai. O encontro terá 2.435 delegados e duas centenas de sindicalistas de mais de 75 países – parte deles havia participado do conselho geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), presidida pelo brasileiro João Felício, ex-presidente da CUT. Dirigentes internacionais, como a secretária-geral da CSI, Sharan Burrow, e o secretário-geral da Central Sindical das Américas (CSA), Victor Báez, fizeram menção à tentativa de "golpe" em curso no Brasil.
Antes da abertura, Lula já havia se reunido longamente com convidados internacionais, atribuindo parte da crise política atual ao "incômodo" de setores conservadores com avanços no campo social e ascensão de camadas mais pobres da população. Para Lula, o problema é mais político do que econômico. Ele disse que Dilma sofre ainda mais preconceito do que ele e, por isso, era importante a participação da presidenta no congresso da CUT. Para o ex-presidente, é preciso acreditar mais no potencial do mercado interno brasileiro. Aos estrangeiros, Lula afirmou seu governo e o de Dilma provaram que pobres não são "problemas", mas solução para o país.
Primeira a discursar, Dilma reconheceu dificuldades e afirmou que o Brasil vem lutando nos últimos anos para que a crise internacional não tivesse aqui "aquele impacto horrível" que houve nos países desenvolvidos. Ressaltou que o governo não está parado, pediu apoio e atacou a postura da oposição, que pelo golpe estaria tentando encurtar o seu mandato, sem amparo legal. Sem dar nomes, chamou adversários de "moralistas sem moral". Lula disse que, com o discurso feito por Dilma ontem, "deixamos de ter uma presidenta para ter uma líder política".
Anfitrião do congresso, realizado no Palácio das Convenções do Anhembi, zona norte de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad disse que este é momento de demonstrar que as instituições democráticas são sólidas.
Para Vagner Freitas, é um período de "resistência", no Brasil e no mundo. "Mais uma vez, a receita aplicada é jogar a conta nas contas dos trabalhadores. O ajuste fiscal não pode sufocar o país. Os trabalhadores e as trabalhadores não devem e não vão pagar essa conta. Com essa política econômica é impossível retomar o crescimento com distribuição de renda. Não é possível que o ajuste seja a única proposta econômica para o Brasil", criticou. Mas o dirigente também avalia que a Operação Lava Jato, que apura atos de corrupção na Petrobras, está sendo "instrumentalizada" por interesses partidários, prejudicando a investigação e favorecendo quem defende a privatização na área de petróleo.
Levy e Cunha - O líder cutista também citou medidas positivas no período recente, como a regulamentação dos direitos dos trabalhadores domésticos, a ampliação de recursos para a agricultura familiar, a isenção de Imposto de Renda até determinada faixa para pagamentos de participação nos lucros ou resultados (PLR), a manutenção da política de valorização do salário mínimo e a regra 85/95, para aposentadoria. "Precisamos ainda acabar com a progressividade e com o fator previdenciário."
Freitas também cobrou redução imediata da taxa básica de juros, barateamento do crédito e ampliação do financiamento do BNDES ao micro e pequeno negócio. Pediu tributação sobre heranças, lucros, dividendos e grandes fortunas. Não fez críticas diretas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mas o plenário fez vários ataques a ele e ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um dos coros dos delegados foi "Quero a Dilma que elegi, fora o Cunha e leva junto o Levy”.
Além de Dilma, Lula, Mujica e Haddad, a abertura também teve a participação do ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, e diversos movimentos sociais, como Central de Movimentos Populares (CMP), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Na plateia, estavam os presidentes da UGT, Ricardo Patah, da CTB, Adilson Araújo, da CSB, Antônio Neto, e o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. E também três ex-presidentes da CUT: Jair Meneguelli, Kjeld Jacobsen e Artur Henrique.
Por um acordo político prévio, a nova direção da central foi escolhida antes do congresso. Mas terá de ser ratificada pelo plenário, no último dia do evento, sexta-feira 16. A CUT vai implementar a paridade de gênero em seu comando, que na próxima gestão terá 22 homens e 22 mulheres. O mandato irá até 2019.
Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual - 14/10/2015
O 12º Congresso Nacional da entidade (Concut) foi aberto na terça 13 à noite, com as presenças da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do senador José Mujica, ex-presidente do Uruguai. O encontro terá 2.435 delegados e duas centenas de sindicalistas de mais de 75 países – parte deles havia participado do conselho geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), presidida pelo brasileiro João Felício, ex-presidente da CUT. Dirigentes internacionais, como a secretária-geral da CSI, Sharan Burrow, e o secretário-geral da Central Sindical das Américas (CSA), Victor Báez, fizeram menção à tentativa de "golpe" em curso no Brasil.
Antes da abertura, Lula já havia se reunido longamente com convidados internacionais, atribuindo parte da crise política atual ao "incômodo" de setores conservadores com avanços no campo social e ascensão de camadas mais pobres da população. Para Lula, o problema é mais político do que econômico. Ele disse que Dilma sofre ainda mais preconceito do que ele e, por isso, era importante a participação da presidenta no congresso da CUT. Para o ex-presidente, é preciso acreditar mais no potencial do mercado interno brasileiro. Aos estrangeiros, Lula afirmou seu governo e o de Dilma provaram que pobres não são "problemas", mas solução para o país.
Primeira a discursar, Dilma reconheceu dificuldades e afirmou que o Brasil vem lutando nos últimos anos para que a crise internacional não tivesse aqui "aquele impacto horrível" que houve nos países desenvolvidos. Ressaltou que o governo não está parado, pediu apoio e atacou a postura da oposição, que pelo golpe estaria tentando encurtar o seu mandato, sem amparo legal. Sem dar nomes, chamou adversários de "moralistas sem moral". Lula disse que, com o discurso feito por Dilma ontem, "deixamos de ter uma presidenta para ter uma líder política".
Anfitrião do congresso, realizado no Palácio das Convenções do Anhembi, zona norte de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad disse que este é momento de demonstrar que as instituições democráticas são sólidas.
Para Vagner Freitas, é um período de "resistência", no Brasil e no mundo. "Mais uma vez, a receita aplicada é jogar a conta nas contas dos trabalhadores. O ajuste fiscal não pode sufocar o país. Os trabalhadores e as trabalhadores não devem e não vão pagar essa conta. Com essa política econômica é impossível retomar o crescimento com distribuição de renda. Não é possível que o ajuste seja a única proposta econômica para o Brasil", criticou. Mas o dirigente também avalia que a Operação Lava Jato, que apura atos de corrupção na Petrobras, está sendo "instrumentalizada" por interesses partidários, prejudicando a investigação e favorecendo quem defende a privatização na área de petróleo.
Levy e Cunha - O líder cutista também citou medidas positivas no período recente, como a regulamentação dos direitos dos trabalhadores domésticos, a ampliação de recursos para a agricultura familiar, a isenção de Imposto de Renda até determinada faixa para pagamentos de participação nos lucros ou resultados (PLR), a manutenção da política de valorização do salário mínimo e a regra 85/95, para aposentadoria. "Precisamos ainda acabar com a progressividade e com o fator previdenciário."
Freitas também cobrou redução imediata da taxa básica de juros, barateamento do crédito e ampliação do financiamento do BNDES ao micro e pequeno negócio. Pediu tributação sobre heranças, lucros, dividendos e grandes fortunas. Não fez críticas diretas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mas o plenário fez vários ataques a ele e ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um dos coros dos delegados foi "Quero a Dilma que elegi, fora o Cunha e leva junto o Levy”.
Além de Dilma, Lula, Mujica e Haddad, a abertura também teve a participação do ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, e diversos movimentos sociais, como Central de Movimentos Populares (CMP), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Na plateia, estavam os presidentes da UGT, Ricardo Patah, da CTB, Adilson Araújo, da CSB, Antônio Neto, e o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. E também três ex-presidentes da CUT: Jair Meneguelli, Kjeld Jacobsen e Artur Henrique.
Por um acordo político prévio, a nova direção da central foi escolhida antes do congresso. Mas terá de ser ratificada pelo plenário, no último dia do evento, sexta-feira 16. A CUT vai implementar a paridade de gênero em seu comando, que na próxima gestão terá 22 homens e 22 mulheres. O mandato irá até 2019.
Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual - 14/10/2015