O Santander obteve lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários no resultado) de R$ 7,2 bilhões, nos nove primeiros meses de 2023. O resultado representa queda de 36% em relação ao mesmo período de 2022 e crescimento, no trimestre, de 18,2%. Isto porque o lucro líquido recorrente no terceiro trimestre foi de R$ 2,7 bilhões, frente aos R$ 2,3 bilhões do trimestre imediatamente anterior.
As receitas com prestação de serviços e renda das tarifas bancárias aumentaram 3,6% em doze meses, totalizando R$ 14,2 bilhões. Já as despesas de pessoal mais PLR aumentaram 12,3% no período, somando R$ 7,4 bilhões. Desta forma, nos nove primeiros meses de 2023, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 191,7%.
A holding Santander encerrou o 3º trimestre com 55.739 empregados, com abertura de 4.525 postos de trabalho em doze meses (568 no trimestre). A base de clientes aumentou 6,9 milhões em relação a setembro de 2022, totalizando 64,6 milhões.
Importante ressaltar que as contratações não se referem exclusivamente a bancários, já que, desde o segundo semestre de 2021 o Santander vem transferindo e contratando trabalhadores para outras empresas pertencentes ao mesmo conglomerado, como STI, SX, Santander Corretora, F1RST, Prospera, e SX Tools. Cada uma vinculada a um sindicato diferente.
“Tudo isto com o claro objetivo de enfraquecer a categoria bancária por meio da sua fragmentação, e para reduzir salários e direitos”, afirma Wanessa de Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander.
Desde então, o movimento sindical bancário vem denunciando e realizando uma série de protestos contra esse processo que visa rebaixar salários, retirar direitos e enfraquecer a organização dos trabalhadores.
“Estamos na luta para enquadrar todos os empregados de banco na categoria bancária, um das mais fortes do país e com uma convenção coletiva que garante muitos direitos, como PLR, vale-alimentação de R$ 836 por mês, vale-refeição de R$ 48,22 por dia, auxilio-creche de R$630 por mês. Uma categoria que teve 21,61% de aumento real desde 2004”, afirma Wanessa.
Em relação à estrutura física, foram fechados 243 pontos de atendimento (inclui agências físicas, postos de atendimento, lojas, etc) em doze meses (131 no trimestre).
“O banco segue fechando agências físicas, prejudicando empregos bancários e excluindo os serviços bancários de grande parcela da população, sobretudo idosos e pessoas que não têm familiaridade com os canais digitais”, critica Wanessa.
Um dos impactos negativos sobre o resultado do banco no Brasil, no acumulado dos nove primeiros meses do ano, foi o crescimento de 23,8% na provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD). A taxa de inadimplência superior a 90 dias ficou em 3,0% em setembro de 2023, com redução de 0,3 pontos percentuais em comparação com o segundo trimestre do ano.
Por outro lado, de acordo com o banco, o crescimento do lucro no trimestre esteve atrelado à evolução da qualidade da carteira e à consequente redução do custo do crédito.
O retorno sobre o patrimônio do banco (ROE) ficou em 13,1%, o que representou decréscimo de 7,4 pontos percentuais (pontos percentuais) em doze meses. O lucro obtido até setembro de 2023 na unidade brasileira do banco representou 17,5% do lucro global, que foi de € 8,143 bilhões, com alta de 11,3% em doze meses. “O Santander segue obtendo do Brasil a maior parte do seu lucro mundial Por isso cobramos do banco a contratação de bancários a fim de reduzir a sobrecarga e prestar um serviço melhor à população, e a redução dos juros a fim de contribuir com a economia do páis do qual obtém tanto dinheiro”, afirma Wanessa.