São Paulo – Quem circulava pelo centro antigo de São Paulo na manhã desta terça-feira 12 testemunhou um grande ato de repúdio dos trabalhadores ao fator previdenciário e pela correção da tabela do imposto de renda. A manifestação, organizada pela CUT e demais centrais sindicais, concentrou-se na Praça da Sé e se dirigiu ao prédio do INSS.
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Pelas ruas por onde passou, a marcha ganhou apoio dos trabalhadores que não se conformam com o cálculo criado em 1999, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, que estabelece um tempo mínimo de contribuição de 35 anos para homens e 30 anos para mulheres. Além disso, o fator determina a idade mínima para a aposentadoria de 65 anos para homens e 60 anos para mulheres.
“Tenho 35 anos de contribuição e, quando me aposentei, tive que voltar a trabalhar por causa do fator previdenciário”, explica o inspetor de tráfego Nilton Neri, de 60 anos, que conseguiu uma brecha no trabalho para engrossar a manifestação. “Aposentei com 53 anos e por isso recebo 60% do valor da aposentadoria. Continuo trabalhando para sobreviver e ainda terei que entrar na Justiça para conseguir o benefício do INSS que eu estou pagando depois de me aposentar”, acrescenta.
Mudanças – A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, ressaltou que manifestações semelhantes ocorrem por todo o Brasil. “É um sinal claro de que o trabalhador quer mudanças tanto no fator quanto na correção da tabela do imposto de renda. As centrais sindicais e as categorias estão de parabéns pela mobilização e pela disposição de luta”, afirmou a presidenta.
“A aposentadoria é o nosso porto seguro”, afirmou o secretário de políticas sociais da CUT, Expedito Solaney. “Por isso nós temos que lutar para que o INSS não seja bancado pelos aposentados que precisam voltar a trabalhar por causa do fator previdenciário, e com isso acabam tirando a oportunidade de um jovem ingressar no mercado”, completou.
IR – Outro motivo do protesto foi a reivindicação pela correção da tabela do imposto de renda. Nos últimos anos, ela foi atualizada de acordo com o índice do centro da meta da inflação estabelecida pelo governo (4,5%); a previsão é que em 2013 ocorra o mesmo. O problema, é que a inflação medida também pelo IPCA está em 5,84% no acumulado dos últimos 12 meses, o que poderá afetar os valores dos reajustes salariais conquistados pelos trabalhadores caso a alta se mantenha.
Juros – Falando em nome do presidente da CUT, Vagner Freitas, o secretário geral da central sindical, Sergio Nobre, lembrou que no próximo dia 26 haverá um ato em frente ao Banco Central, em Brasília, contra o aumento da taxa básica de juros. “Quanto mais a taxa de juros aumenta, mais o dinheiro sai do bolso do trabalhador e acaba no sistema financeiro. Queremos mais dinheiro para que o trabalhador possa consumir mais. Assim a indústria produz mais e gera mais emprego. Esse é o caminho do crescimento”, afirmou.
Em agosto, representantes das centrais se reuniram com os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da Republica, Gilberto Carvalho, do Trabalho, Manoel Dias, e da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, para discutir o assunto, quando foi definido um prazo de 60 dias para concluir os debates. Mas nada avançou.
Rodolfo Wrolli - 12/11/2013
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Centrais protestam em frente ao INSS e reivindicam também correção da tabela do imposto de renda
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