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Com violência, PM retira jovens do Paula Souza

Linha fina
Poucas horas após a ocupação, estudantes foram levados sem ordem judicial para o 2º Distrito Policial, onde permaneceram mobilizados gritando palavras de ordem contra a PM, Temer e Alckmin
Imagem Destaque
Rede Brasil Atual
4/11/2016


São Paulo – Aproximadamente 40 estudantes que na tarde de quinta 3 ocuparam o Centro Paula Souza, autarquia do governo do estado de São Paulo que faz a gestão das escolas técnicas (Etecs) e faculdades de tecnologia (Fatecs), foram tirados do prédio à força pela Polícia Militar de São Paulo. Segundo relato de uma estudante aos Jornalistas Livres, os policiais entraram no local para fazer uma inspeção e quando os jovens se deram conta já estavam encurralados pelo Batalhão de Choque, que os colocou em dois ônibus e os encaminhou para o 2º Distrito Policial, na região central, por volta das 20h. Ela disse que policiais chutaram as costelas e as pernas de várias garotas.

O advogado Denis Veiga Junior, que acompanha o caso, declarou que não há lei que ampare a ação da Polícia Militar. Ele acompanhou os jovens no DP, mas foi impedido de entrar no Centro Paula Souza. "A PM fez a retomada à força, sem ordem judicial, sem que chamasse o Conselho Tutelar, afinal havia menores, e impedindo que o advogado conversasse com os estudantes que estavam sendo presos."

Denis denuncia a violação do Estatuto da Ordem e o uso da "auto-tutela do estado" para "dispensar o Judiciário" em casos de reintegração de posse, o que para ele configura como um procedimento ilegal, típico de um Estado de exceção.

Os jovens ficaram alguns minutos dentro dos ônibus na porta do DP, onde houve muita movimentação de policiais. Quando saíram dos veículos, gritando palavras de ordem contra o governo Geraldo Alckmin, Michel Temer e contra a PM, foram levados para uma sala, onde ficaram todos juntos repetindo palavras de protesto.

O fotógrafo Leandro Moraes, colaborador da Mídia Ninja, e Murilo Salazar, da revista Vaidapé, também foram detidos arbitrariamente com o grupo de alunos. Antes da desocupação do Centro, o deputado estadual Zico Prado (PT) foi impedido pela PM de entrar no local e acompanhar a ação para garantir os direitos dos manifestantes.

Segundo o estudante Henrique Domingues, presidente do Diretório Central Estudantil (DCE) da Fatec, a ocupação tinha objetivo de somar à mobilização em todo o país contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 e contra a reforma do ensino médio pretendida pelo governo de Michel Temer, por meio da Medida Provisória (MP) 746.

Os estudantes também têm reivindicações próprias, e são contra o congelamento dos recursos do DCE, que é mantido pelo governador Geraldo Alckmin há dois anos. “Mais de 60% dos estudantes se evadem da nossa universidade, nunca conseguem retirar seu diploma, e o governo de São Paulo não se movimenta para combater essa evasão”, afirma. “O nosso objetivo é que essa verba, conquistada junto à Assembleia Legislativa de São Paulo, seja regulamentada pelo Poder Executivo para que a gente possa inciar um período de combate à gravíssima situação de evasão.”
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