São Paulo – O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 7,9 bilhões entre janeiro e setembro de 2017, crescimento de 45,1% no período. O resultado foi impactado, principalmente, pelo aumento das rendas de tarifas, redução das despesas administrativas e de provisão.
Entre setembro de 2016 e setembro de 2017, o banco eliminou 9.854 postos de trabalho, caindo de 109.159 funcionários em setembro de 2016 para 99.305 em setembro de 2017.
“Além da eliminação de postos de trabalho, o banco aprofunda a política de descomissionamentos como forma de reduzir ainda mais o gasto com sua folha de pagamento”, sublinha a dirigente sindical e bancária do BB Sílvia Muto.
No mesmo período, o banco fechou 559 agências, totalizando 4.871 unidades.
“Desde que tomou o poder, o governo Temer se empenhou em reduzir de tamanho um banco público que sempre foi lucrativo e que desempenha função essencial no desenvolvimento do país e da população, principalmente por meio da concessão de crédito acessível para a agricultura familiar, que por sua vez é a responsável por produzir grande parte do alimento consumido pelos brasileiros”, afirma Sílvia.
“As perguntas que ficam são: qual o interesse desse governo em encolher a atuação e o tamanho do Banco do Brasil e quem se beneficia com isso? Seguramente não é a população brasileira, que sofre com o atendimento precarizado, ao mesmo tempo em que é explorada com cobrança de tarifas abusivas”, acrescenta a dirigente.
E o resultado do banco comprova: as receitas de tarifas e prestação de serviços cresceram 9,9%, chegando a R$ 19,2 bilhões. Apenas com essa receita o BB cobre toda a sua despesa de pessoal – inclusive PLR, que por sua vez caiu 3,5% em relação ao mesmo período de 2016 – e ainda sobram R$ 2,7 bilhões.
A rentabilidade do BB subiu de 9,9% para 10,8% entre 2016 e os nove primeiros meses de 2017.
Crédito – Nos últimos 12 meses, a carteira de crédito ampliada apresentou redução de 7,9%. A carteira de crédito Pessoa Jurídica apresentou redução de 15,5% nesse período, influenciada pelo decréscimo de R$ 14,8 bilhões nas operações de capital de giro (11,5%) e de R$ 13,6 bilhões em Títulos de Valores Mobiliários privados e garantias (25,6%).
A carteira Pessoa Física orgânica, por sua vez, cresceu 1,2% em 12 meses, fruto do desempenho positivo em crédito consignado (R$ 2,8 bilhões) e da alta de 6,1% do financiamento imobiliário (R$ 2,5 bilhões). A carteira classificada de agronegócios apresentou desempenho positivo de 0,8% na comparação anual
O índice de inadimplência (relação entre as operações vencidas há mais de 90 dias e o saldo da carteira de crédito classificada) alcançou 3,94% em setembro de 2017.
Nesse contexto, as provisões para créditos de liquidação duvidosa apresentaram redução de 5%, chegando a R$ 19,7 bilhões nos nove primeiros meses do ano.
“O resultado do Banco do Brasil é retrato de uma política privatista promovida pela atual direção e pelo governo Temer, uma vez que demonstra para o mercado que em suas práticas o banco se distância de um modelo de instituição pública indutora do desenvolvimento, e se aproxima da atuação dos bancos privados que exploram o trabalhador e a população com a única finalidade de garantir a lucratividade”, critica Sílvia Muto.