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Chapéu
Mercantilização do Banco

Caixa anuncia agentes do mercado para vice-presidências

Linha fina
Dois dos nomeados são egressos dos bancos Santander e Fator e vão reforçar cultura privatista que o governo Temer tenta impor à instituição
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Arte: Thiago Akioka

A Caixa Econômica Federal acaba de anunciar a nomeação de quatro novos vice-presidentes nas áreas de Governo, Corporativo, Habitação e Fundos de Governo e Loterias. Dois deles não são empregados - vêm do mercado financeiro, seguindo a alteração ocorrida em setembro deste ano no estatuto do banco público.

O novo responsável pela vice-presidência Corporativo é o economista João Eduardo de Assis Pacheco que, entre outras instituições, atuou no Santander, Safra e Mercantil de Investimentos. Na área de Governo assume o também economista João Carlos Gonçalves da Silva, que trabalhou na SPDA (Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilização de Ativos), da Prefeitura de São Paulo, e nos bancos ABC Brasil e Fator, além de exercer o cargo de assessor técnico em privatizações como a da Cedae (companhia de água e esgoto), no Rio de Janeiro.

Os outros dois vice-presidentes nomeados são empregados da Caixa: Jair Luis Mahl (Habitação) e Roberto Barros Barreto (Fundos de Governo e Loterias). Ambos ocupam hoje cargos de diretores-executivos.

“Essas nomeações são decorrentes da tentativa de privatização da gestão da Caixa. O banco público vem reduzindo nos últimos dois anos o seu papel social e fundamental junto à população e ao financiamento do desenvolvimento do país. O lucro é todo fundamentado em altas taxas de juros e grandes cobranças de tarifas, como fazem os bancos privados. O que o governo golpista de Temer promove ao seu final, por meio do Conselho de Administração (CA), é a vinda para vice-presidências e direção do banco de elementos do sistema financeiro, atitude que só acentua a mercantilização do banco público. Isso vai jogar a sociedade contra a Caixa Econômica Federal”, alerta Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva de Empregados (CEE/ Caixa) e diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A representante dos trabalhadores no CA, Rita Serrano, que votou contra a mudança, acrescenta que as nomeações só reforçam a cultura privatista que o governo Temer tenta impor à gestão da instituição.

“O ideal seria a escolha de empregados da Caixa, valorizando a carreira, a experiência em gestão pública que detêm e a transparência dos concursos públicos”, explica Rita, que também é da Diretoria da Fenae e coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.

Rita Serrano lembra que há mais de 30 anos os cargos de diretores têm sido exclusivamente ocupados por empregados de carreira. “Mas agora isso deve mudar, porque foi aprovada uma nova alteração estatutária na qual as áreas Jurídica, Auditoria e Corregedoria poderão ter contratados externos. Também votei contra essa alteração, porque vai se descaracterizando a gestão pública e se implantando uma cultura de empresa privada no banco, atingindo pessoas e serviços”, ressalta.

O processo de seleção foi coordenado por uma empresa de recrutamento, mas a decisão final é dos representantes da Fazenda no Conselho de Administração.

O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, também é contra a retomada da narrativa privatista na Caixa. “A exemplo do que ocorreu na década de 1990, temos que combater qualquer proposta que signifique retrocesso na atuação do banco. Está claro o objetivo do atual e do novo governo: apequenar o banco para, assim, abrir espaço para o setor privado. A pretexto de conferir maior transparência, estão distanciando a Caixa dos interesses da sociedade”, diz.

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