Uma nova mudança no estatuto da Caixa Econômica Federal acaba de ser aprovada pelo Conselho de Administração do banco. Ela estabelece, entre outros itens, alterações nas áreas de controle como a Jurídica, Auditoria e Corregedoria - as duas últimas passam a ser diretorias, permitindo-se que sejam comandadas por agentes externos. A representante dos empregados no CA, Rita Serrano, questionou a proposta e, mais uma vez, votou contra.
Para a conselheira, acabar com a exclusividade de que empregados de carreira assumam as diretorias abre espaço para indicações que vão contra os princípios e manutenção do banco público, além de causar danos às regras de governança interna.
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“É algo totalmente inusitado, porque o estatuto foi mudado recentemente”, aponta, lembrando que o período é de transição para um novo governo. Justamente por isso, talvez, essas alterações venham ocorrendo, numa espécie de corrida contra o tempo para facilitar o processo de desmonte das empresas públicas, porque, como não conseguiram abrir o capital da Caixa, agora a tentativa é para privatizar a gestão.
Em agosto passado, a conselheira também votou contra a escolha de vice-presidentes em processo seletivo externo por uma consultoria privada.
“O que eu proponho é que tanto os cargos de diretoria quanto os de vice-presidentes sejam ocupados pelos empregados, que são concursados e têm rígidos critérios para ascensão na carreira. Esse é o caminho mais justo e mais transparente, dificultando a influência de interesses privados na gestão”, avalia a representante dos empregados. Segundo Rita, o argumento de que essas alterações acabariam com as influências políticas no comando do banco é “totalmente falacioso, porque os cargos de diretoria sempre foram ocupados por empregados concursados”.
Golpe
A alteração no estatuto foi aprovada no último dia 17 e desde então gerou manifestações de várias entidades representativas dos trabalhadores que consideram o ato como verdadeiro golpe comandado pela presidenta do CA, Ana Paula Vescovi. Entre as entidades que se pronunciaram contrariamente à mudança estão Apcefs, Advocef, sindicatos de bancários e a Fenae que, em nota, repudiou a mudança “como mais um ataque ao banco 100% público, social e a serviço dos brasileiros”.
"A nossa luta impediu que a Caixa se transformasse em SA [sociedade anônima], assim como vem barrando a privatização como um todo. A menos de um mês da eleição, o governo golpista, através dos seus prepostos, como a Ana Paula Vescovi, vem privatizar a gestão do banco, trazendo para as diretorias o interesse privado, que hoje não orbita dentro da Caixa Econômica Federal com esse novo estatuto”, completou Dionisio Reis, dirigente do Sindicato e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa).