Os bancários ocuparam uma das pistas da avenida Paulista, nesta quinta-feira, para realizar a nona edição da já tradicional Corrida de São Pilantra, o santo padroeiro das elites do Brasil. Realizada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região desde 1998, é uma paródia da São Silvestre e premia os principais “pilantras” do ano.
Surpreendendo a todos, os administradores da Nossa Caixa, o último banco público do estado de São Paulo, sagraram-se os grandes campeões da pilantragem em 2006. A vitória foi alcançada graças à péssima gestão que se recusa a pagar a participação nos lucros aos bancários e os expõe ao excesso de horas extras. O caos instalado no banco com a migração das mais de 60 mil novas contas do funcionalismo estadual, sem a contratação de novos bancários, somou pontos na reta final. O governador Cláudio “Lento” e o ex Geraldo “Alckman” subiram ao pódio para levantar o troféu de São Pilantra 2006. O presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro, não compareceu para receber seu prêmio.
Em segundo lugar chegaram os parlamentares, premiados pela escandalosa tentativa de aumentar em 90,7% os próprios salários. No pódio ACMNOPQ Neto, representava todos os deputados que apoiaram o aumento. E, claro, não podiam faltar os banqueiros: diante de tamanha concorrência, chegaram abraçados, em terceiro lugar. Participantes assíduos da competição, os donos dos grandes bancos do país receberam o prêmio da pilantragem por se recusar a pagar aos funcionários uma parte maior de participação no imenso lucro que acumularam novamente em 2006.
Para o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, a São Pilantra é uma forma de protesto que agrada a todos e já faz parte do calendário de final de ano na cidade. “Quem está na Paulista pára pra ver. A corrida é muito divertida e uma maneira bem-humorada que os bancários encontraram para dar o seu recado.”
Concorrência – A disputa ao prêmio de São Pilantra 2006 foi duríssima. Até a linha de chegada – a “corrida” teve início no Masp e foi encerrada em frente ao prédio da TV Gazeta – vários concorrentes se atropelavam no primeiro pelotão. O prefeito “Kassob as passagens de ônibus” e Galeão Cumbica, da crise dos aeroportos, disputavam espaço com Zulaiê “Cascavel” e com representantes das emissoras TV Futilidade, TV Dinamite, TV Banal e Rede Bobô. As últimas ficaram com o prêmio de consolação da São Pilantra 2006, pela má qualidade da programação.
2005 – No ano passado, o vereador Dalton Silvano sagrou-se o grande vencedor da competição, graças à criação do projeto de lei que queria proibir a instalação das portas de segurança nos bancos da cidade. A medida não entrou em vigor por causa da forte atuação dos bancários. Em segundo lugar, ficaram os banqueiros do Grupo Santander Banespa – pela demissão de mais de 600 trabalhadores às vésperas do Natal. Logo atrás vieram Bradesco – pela violência contra os bancários durante a campanha salarial de 2005 –, ABN Real – pelo desrespeito aos direitos – e HSBC – por tentar forçar o trabalho aos sábados.
Tradição – A corrida realizada pelo Sindicato desde 1998 foi criada para pressionar o antigo banco Mercantil de São Paulo (hoje controlado pelo Bradesco) a pagar a participação nos lucros e resultados devida aos funcionários. Deu certo. Ao longo dos anos, o Unibanco sagrou-se o grande campeão da pilantragem, com três “conquistas” (1999, 2000 e 2002, todas por demissões e desrespeito à liberdade sindical), sendo que em 2000 dividiu o título com o juiz Lalau. Em 2001 o vencedor foi Paulinho, presidente da Força Sindical, por sua atuação a favor da flexibilização de direitos da CLT. Em 2003, o ABN Real de Fábio Barbosa, que demitira 190 pessoas às vésperas do Natal, foi o campeão. No ano passado, foi a vez do banqueiro Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos.
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