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Os bancários reúnem-se, nesta terça-feira, 2 de dezembro, às 12h, com o deputado federal João Paulo Cunha, relator da MP 443, que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a adquirirem outras instituições financeiras. Os trabalhadores vão cobrar que todas as medidas para manter o volume de crédito e garantir liquidez no mercado sejam acompanhas por contrapartidas sociais, como a garantia do emprego.
"Emprego e renda são fundamentais para manter um ciclo econômico saudável. Os bancos não podem usufruir medidas em favor do mercado, sem ter responsabilidade com bancários e clientes", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Embora o governo federal tenha tomado medidas para garantir a injeção de bilhões na economia, pouco se fez, até agora, para preservar o emprego e a renda do trabalhador.
A mudança no recolhimento do compulsório para os bancos é um exemplo do que pode acontecer se não forem exigidas contrapartidas. Os bancos utilizaram os recursos provenientes da medida para adquirir as carteiras dos bancos médios, mas apesar disso os empregos não foram garantidos.
As demissões nesses bancos, que atuam principalmente na área de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), subiram 133% nos últimos três meses na comparação com o mesmo período do passado. Entre setembro e novembro foram homologadas 774 demissões no Sindicato. Nos mesmos meses do ano passado foram registradas 332 dispensas. E o número de demissões pode ser ainda maior, já que só são feitos no Sindicato homologações de trabalhadores com mais de um ano de casa.
Estima-se que um universo de 50 bancos médios empregue cerca de 20 mil bancários, dentre os 120 mil que atuam em São Paulo, Osasco e região.
As demissões nos bancos médios já se estenderam para o setor de crédito consignado ou compra de automóveis em bancos maiores. Na semana passada foram registradas a dispensa de 100 trabalhadores no Safra, 20 no Real e outras 60 no HSBC.
Fusões – As fusões que estão acontecendo no sistema financeiro: Santander e Real, Itaú e Unibanco, além de Banco do Brasil e Nossa Caixa, trazem preocupações aos bancários. "Os processos de fusão e aquisição entre bancos são traumáticos para a categoria. Na década de 1990 vários postos de trabalho foram exterminados", diz Marcolino, lembrando que em 1989 havia mais de 500 mil bancários e, dez anos depois, eram pouco mais de 290 mil. "Com o tempo e muita luta da categoria, esses empregos foram retomados e hoje voltamos à casa dos 430 mil bancários no Brasil. Mas isso ainda é pouco. Há excesso de trabalho, de horas extras, e muita fila nos bancos. Fatos que, somados aos excelentes resultados do setor mesmo em tempos de crise, indicam não haver nenhuma razão para demissões", completou Marcolino.
Marcha dos Trabalhadores – Cobrar contrapartidas sociais das empresas e a ratificação da convenção 158 da OIT, que inibe dispensas imotivadas, farão parte das reivindicações que serão defendidas na Marcha Nacional dos Trabalhadores a Brasília, no dia 3 de dezembro. Participam os trabalhadores das seis centrais sindicais CUT, Força, CGTB, CTB, NCST e UGT.