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A principal engrenagem da economia, os empregos, pode estar injustamente ameaçada pela crise. Embora o governo federal tenha tomado medidas para garantir a injeção de bilhões na economia, pouco se fez, até agora, para preservar o emprego e a renda do trabalhador.
Esse é um dos assuntos, assim como os reflexos das fusões no sistema financeiro para o trabalhador, que serão levados ao presidente Lula, na audiência programada para está quarta-feira, 26 de novembro, em Brasília. Trabalhadores e representantes de movimentos sociais reúnem-se com o presidente para tratar dos efeitos da crise internacional.
Demissões – Só com a mudança no recolhimento do compulsório para os bancos, foram disponibilizados R$ 56 bilhões com o objetivo de manter a oferta de crédito e a economia aquecida. Parte desse dinheiro deve ser utilizado pelas grandes instituições financeiras para adquirir as carteiras dos bancos médios, que estão em maior dificuldade, de forma que o crédito chegasse aos cidadãos.
"Até aí, tudo certo, não fosse por um detalhe fundamental: os recursos foram liberados sem qualquer contrapartida social", afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino. As demissões nos bancos menores, por exemplo, que atuam principalmente na área de Crédito Direto ao Consumidor, subiram 104% em dois meses. Em setembro, foram homologadas 159 demissões no Sindicato. Em outubro, mais 324. Neste mês, o ritmo continua elevado: até o dia 14, já eram 225 os demitidos. No ano passado, em setembro e outubro, foram registradas 222 dispensas no total. E o número de demissões pode ser ainda maior, já que só são feitas no Sindicato somente as homologações de trabalhadores com mais de um ano de casa.
Estima-se que um universo de 50 bancos médios empregue cerca de 20 mil bancários, dentre os 120 mil que atuam em São Paulo, Osasco e região.
"Os bancários vão reivindicar ao presidente Lula que nas medidas provisórias que tratam da venda de carteiras dos bancos esteja prevista a preservação dos empregos. E que os trabalhadores demitidos tenham preferência em uma possível recontratação", disse Marcolino. "É inaceitável que os bancos usufruam das ações do governo para garantir seus ganhos e não tenham nenhuma responsabilidade com o emprego", reiterou o presidente do Sindicato.
Fusões – As fusões que estão acontecendo no sistema financeiro: Santander e Real, Itaú e Unibanco, além de Banco do Brasil e Nossa Caixa, trazem preocupações aos bancários. "Os processos de fusão e aquisição entre bancos são traumáticos para a categoria. Na década de 1990 vários postos de trabalho foram exterminados", diz Marcolino, lembrando que em 1989 havia mais de 500 mil bancários e, dez anos depois, eram pouco mais de 290 mil. "Com o tempo e muita luta da categoria, esses empregos foram retomados e hoje voltamos à casa dos 430 mil bancários no Brasil. Mas isso ainda é pouco. Há excesso de trabalho, de horas extras, e muita fila nos bancos. Fatos que, somados aos excelentes resultados do setor mesmo em tempos de crise, indicam não haver nenhuma razão para demissões", completou Marcolino.
Marcha dos Trabalhadores – Cobrar contrapartidas sociais das empresas também fará parte das reivindicações que serão defendidas na Marcha Nacional dos Trabalhadores a Brasília, no dia 3 de dezembro. Participam os trabalhadores das seis centrais sindicais CUT, Força, CGTB, CTB, NCST e UGT.