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Sócrates ajuda Sindicato na luta contra ditadura

Linha fina
Fundador da Democracia Corinthiana, ex-jogador doou camisa do time para financiar movimento de resistência em 1983
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São Paulo - Um dos maiores jogadores de futebol do país e ativista da luta pela redemocratização no Brasil, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o doutor Sócrates, teve participação importante em um momento crucial da história do Sindicato.

O ano era 1983, e a ditadura militar decretou, em julho, a intervenção de diversos sindicatos, após uma greve geral que, só na capital paulista, parou 70% dos trabalhadores. Além do Bancários de São Paulo, sofreram intervenções os Metalúrgicos do ABC, Metroviários de São Paulo, Petroleiros de Campinas e da Bahia.

Sem sua sede e suas máquinas, os bancários resistiram e continuaram editando e distribuindo diariamente a Folha Bancária, que no período virou Folha Bancária Livre.

Sócrates, um dos fundadores da Democracia Corinthiana (DC), contribuiu para o Fundo de Resistência, que financiava a mobilização dos bancários e a confecção da FB. O jogador doou sua camisa oficial do clube, que foi rifada entre os trabalhadores.

“Era uma época de luta intensa contra a ditadura. Sócrates era um dos militantes dessa luta e foi solidário ao Sindicato”, conta o dirigente Gilmar Carneiro, na época vice-presidente da entidade.

Por iniciativa do doutor, todos os jogadores do Corinthians assinaram a camisa e outros dois craques, personagens igualmente importantes da DC, também doaram as suas: Casagrande e Vladimir.

Ditadura – A intervenção resultou na prisão de dirigentes e do jornalista na época responsável pela FB, Julio de Grammont. “Sem nossa sede, que estava ocupada pelos interventores – homens de confiança dos banqueiros –, alugamos uma sala de um prédio da Líbero Badaró e continuamos resistindo”, lembra Gilmar, que viria a presidir o Sindicato nas gestões 1988/1991 e 1992/1994.

Foram longos 20 meses, durante os quais passeatas, shows e festas arrecadavam recursos para o Fundo de Resistência. “Sócrates era uma figura constante nas manifestações e rodas de discussão da esquerda”, afirma Gilmar.

Retomado o Sindicato, Luiz Gushiken foi eleito presidente. A ditadura agonizava e a população fazia manifestações cada vez mais fortes por eleições diretas para a Presidência da República. O movimento Diretas Já, que teve em Sócrates um dos principais defensores, ganharia força um ano depois, em 1984, tendo como ápice um comício que reuniu 1,5 milhão no Vale do Anhangabaú. O povo só votaria para presidente em 1989.

Adeus – O Brasil lamentou a morte de Sócrates, na madrugada do último dia 4, vítima de um choque séptico causado por infecção generalizada. Horas depois, no Estádio do Pacaembu, o jogador seria homenageado por 40 mil corintianos que, de punho erguido – como Sócrates comemorava seus gols pelo time – fizeram um minuto de silêncio. Duplamente emocionados, viram no dia da morte do ídolo a conquista do quinto título brasileiro pela equipe de coração do doutor.

 

Andréa Ponte Souza - 22/12/2011

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