São Paulo – Dirigentes sindicais brasileiros participaram de uma série de manifestações na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, em apoio aos bancários, que enfrentam diversas barreiras para poder constituir sindicatos, e a diversas comunidades que lutam por uma sociedade mais justa. Os atos ocorreram durante a primeira semana de dezembro, que teve como lema Nova York para todos.
Presente aos atos, a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, explica que os funcionários de instituições financeiras e de outras empresas nos Estados Unidos não têm acesso a diversos direitos. “Os serviços de saúde são pagos. No entanto, as pessoas que trabalham em período integral têm assistência médica. Para não ter de arcar com essa despesa, muitas empresas, inclusive bancos, os contratam para uma jornada parcial. Um tipo de contratação que também não dá direito a férias remuneradas”, explica a dirigente. “Só com muita luta e organização, os trabalhadores poderão mudar essa dura realidade.”
Entre as dificuldades, informa Juvandia, está a legislação local que permite que os patrões interfiram na organização dos sindicatos. Quando a empresa percebe algum indício de que os empregados estão se organizando, logo os perseguem, os ameaçam e muitos são demitidos.
“Participamos de protesto em frente ao Bank of América exigindo que a empresa respeite o direito de os funcionários se organizarem. Essa manifestação contou com adesão de diversas pessoas que perderam suas casas, de estudantes que não conseguem pagar suas dívidas devido aos altos juros cobradas. Nesses atos eles sempre usam a palavra de ordem somos 99% de pobres contra 1% de ricos”, relata.
As dificuldades não se restringem aos bancos. Segundo relato de um trabalhador do comércio, um gerente chegou a manter os funcionários sob pressão no subsolo da loja para que desistissem de criar seu sindicato. “Mas eles resistiram e fundaram a entidade. Para superar essas e outras dificuldades os trabalhadores contam com apoio de integrantes de comunidades”, conta a diretora executiva do Sindicato Rita Berlofa, que também participou das manifestações.
Abismo social – Os sindicalistas brasileiros também participaram de ato em frente à residência de um integrante do conselho de administração de uma empresa que se nega a firmar acordo coletivo com seus funcionários. Eles também protestaram em frente a uma construtora que recebe subsídios da cidade para construir moradias populares, mas que não cumpre com suas obrigações.
“A revolta é grande. Atualmente cerca de 21% da população nova-iorquina está abaixo da linha de pobreza. Foi essa situação de desigualdade e insatisfação social que fez com que um democrata fosse eleito para a prefeitura local após vinte anos”, destaca Juvandia.
Após 20 anos de gestões conservadores, Bill de Blasio, que assumirá em 2014, foi eleito com 73% dos votos. Em sua plataforma - para uma população multiétnica de 33,3% de brancos, 28, 5% de negros e 28,6% hispânicos e 12,7% asiáticos - estão os compromissos de atacar a discriminação e de implantar medidas que diminuam o abismo social. Entre suas propostas está a taxação dos ricos e destinar esse recurso para medidas sociais como a construção de creches públicas que hoje a cidade não tem.
Banco do Brasil – Em Nova York, dirigentes do Sindicato, da Contraf-CUT, da UNI América Finanças e da CWA (central sindical de comunicação dos trabalhadores dos EUA) também se reuniram com a direção do Banco do Brasil para discutir o Acordo Marco Global assinado pela instituição financeira.
Na reunião, os dirigentes sindicais reforçaram a necessidade de o BB respeitar os direitos de os funcionários norte-americanos poderem se organizar em entidades sindicais. Os representantes do banco afirmaram que respeitam o Acordo Marco e a legislação de cada país e que não há nenhuma orientação no sentido contrário.
Jair Rosa - 12/12/13
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Entidade apoia organização dos bancários norte-americanos na luta pelo direito de constituir sindicatos
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