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Brasília – “Fora Bolsonaro, você não merece ser deputado.” Este foi o brado repetido diversas vezes por mais de 300 pessoas, representantes de 22 entidades da sociedade civil organizada, durante ato no auditório Nereu Ramos, da Câmara Federal, na tarde de quarta-feira 17.
O protesto foi iniciado pela distribuição de uma carta aberta aos parlamentares contra as atitudes de Bolsonaro – que no dia 9 de dezembro dirigiu-se à também deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmando que só não a estupraria "porque ela não mereceria".
O evento reuniu militantes de direitos humanos, feministas, ecologistas, agricultores sem-terra, estudantes, representantes de diversas categorias profissionais e servidores do Congresso e deixou claro que a sucessão de agressões verbais e humilhações proferidas por Bolsonaro ultrapassou os limites.
Deputados e senadores, além dos representantes dos movimentos presentes, fizeram discursos indignados, em meio a várias cenas inusitadas. Uma delas foi a falta de luz no momento programado para início dos trabalhos, provocada por mais um temporal que caiu sobre Brasília durante a tarde.
Sem microfone, os manifestantes improvisaram megafones e mantiveram o roteiro programado. Também vestiram camisetas brancas durante a entrada da deputada Maria do Rosário ao local, com a frase "Fora Bolsonaro. Nenhuma mulher merece ser estuprada."
Sexismo e misoginia – Foram mencionados diversas vezes, além da representação impetrada junto ao Conselho de Ética da Câmara, o pedido de denúncia acatado pelo Ministério Público Federal (MPF) e as três ações judiciais ajuizadas por Maria do Rosário contra o gesto do deputado. “O machismo, sexismo e a misoginia não podem ter voz dentro do Parlamento", afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF).
A coordenadora da bancada feminina do Congresso, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), acentuou que Bolsonaro exorbitou todos os limites toleráveis e que a Câmara ficará desmoralizada se optar por não punir o parlamentar. "Essa Casa tem convivido com um certo grau de tolerância às agressões morais cometidas com as mulheres", reclamou.
Amauri Teixeira, deputado pelo PT da Bahia, destacou que a agressão de Bolsonaro foi "leviana, gratuita, desrespeitosa, desproporcional e descabida". Ele presidia a sessão da Câmara em que Bolsonaro atacou Maria do Rosário. Teixeira também disse que o caso é um exemplo nítido de quebra de decoro.
Relator – O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, deputado Ricardo Izar(PSD-SP), que prometeu indicar ainda na quarta-feira o relator para a representação apresentada contra Bolsonaro pelas legendas PT, PCdoB, PSol e PSB na última semana, enfatizou que a apreciação e votação desse processo é uma resposta que precisa ser dada pelo Legislativo à sociedade e ao regimento da Casa.
> Bolsonaro vai responder ao Conselho de Ética
> PGR denuncia Bolsonaro ao Supremo
Maria do Rosário, a deputada agredida, ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, ressaltou esperar que o fato estimule todas as mulheres vítimas de violência. Das ações protocoladas por ela, duas foram entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na primeira, Rosário acusa Bolsonaro de injúria, por ter atingido sua honra; na segunda, por calúnia, por ter dito que ela o chamou de estuprador. A última ação, por danos morais, foi ajuizada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).
A deputada Rebeca Garcia (PP-AM), do mesmo partido de Bolsonaro, participou da manifestação e disse que representava "as mulheres e os homens de bem do PP, que não aceitam o que foi dito na tribuna da Câmara". De acordo com Rebeca, o PP defende o direito de expressão, mas as palavras proferidas pelo parlamentar consistem numa agressão latente às mulheres.
Respeito – "Não quero nada para mim, só o respeito que me é devido. Também quero que toda mulher seja respeitada e que exista responsabilidade efetiva diante desses atos violentos", salientou a ex-ministra Rosário.
A estudante de Direito Fabíola Macedo, da União Nacional dos Estudantes (UNE), que carregava um cartaz afirmando "Não merecemos Bolsonaro" frisou sua indignação com a truculência do deputado do PP fluminense. "Esse homem é um monstro. Não é de hoje que ele apronta, principalmente quando afirma impropérios nas sessões da Comissão de Direitos Humanos. Estamos aqui não apenas para nos solidarizarmos com a deputada Maria do Rosário, mas para mostrar que estamos unidas para pedir que o Congresso deixe de ter representantes deste tipo, que abusam da autoridade e fazem tudo para não ser reconhecido o direito das minorias."
"O pedido não é só pelo ato da última semana, mas por tudo o que o Bolsonaro representa neste Brasil. Um Brasil no qual, entendemos, não cabe mais um deputado com o seu comportamento", acrescentou a assistente social Priscila Arruda.
Apologia – Para a vice-presidente da CUT, Carmen Foro, as palavras de Bolsonaro levam sim à incitação e à apologia ao crime de estupro. "Não descansaremos enquanto ele não perder o mandato e for punido pela Justiça", colocou, ao destacar que o evento consiste no primeiro de vários que a central sindical planeja, como forma de conscientizar a sociedade e pressionar os deputados de todos os partidos e a Justiça. "É preciso punir exemplarmente crimes como este, cometido na chamada Casa do Povo", afirmou.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva, também externou sua indignação. Segundo ela, não basta cassar os direitos políticos de Bolsonaro. "É preciso que o deputado seja responsabilizado criminalmente", destacou.
A senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) reiterou discurso feito no plenário do Senado no início da semana, quando acentuou que o gesto do parlamentar não foi apenas contra a deputada Rosário, mas contra todas as mulheres. "Foi um gesto que incita a violência, o ódio, o preconceito. É uma conduta que é vedada pela Constituição e definida como crime na lei", disse.
O deputado Jair Bolsonaro, que já apresentou defesa prévia junto ao Conselho de Ética, não se pronunciou sobre o ato.
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual – 18/12/2014
O protesto foi iniciado pela distribuição de uma carta aberta aos parlamentares contra as atitudes de Bolsonaro – que no dia 9 de dezembro dirigiu-se à também deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmando que só não a estupraria "porque ela não mereceria".
O evento reuniu militantes de direitos humanos, feministas, ecologistas, agricultores sem-terra, estudantes, representantes de diversas categorias profissionais e servidores do Congresso e deixou claro que a sucessão de agressões verbais e humilhações proferidas por Bolsonaro ultrapassou os limites.
Deputados e senadores, além dos representantes dos movimentos presentes, fizeram discursos indignados, em meio a várias cenas inusitadas. Uma delas foi a falta de luz no momento programado para início dos trabalhos, provocada por mais um temporal que caiu sobre Brasília durante a tarde.
Sem microfone, os manifestantes improvisaram megafones e mantiveram o roteiro programado. Também vestiram camisetas brancas durante a entrada da deputada Maria do Rosário ao local, com a frase "Fora Bolsonaro. Nenhuma mulher merece ser estuprada."
Sexismo e misoginia – Foram mencionados diversas vezes, além da representação impetrada junto ao Conselho de Ética da Câmara, o pedido de denúncia acatado pelo Ministério Público Federal (MPF) e as três ações judiciais ajuizadas por Maria do Rosário contra o gesto do deputado. “O machismo, sexismo e a misoginia não podem ter voz dentro do Parlamento", afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF).
A coordenadora da bancada feminina do Congresso, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), acentuou que Bolsonaro exorbitou todos os limites toleráveis e que a Câmara ficará desmoralizada se optar por não punir o parlamentar. "Essa Casa tem convivido com um certo grau de tolerância às agressões morais cometidas com as mulheres", reclamou.
Amauri Teixeira, deputado pelo PT da Bahia, destacou que a agressão de Bolsonaro foi "leviana, gratuita, desrespeitosa, desproporcional e descabida". Ele presidia a sessão da Câmara em que Bolsonaro atacou Maria do Rosário. Teixeira também disse que o caso é um exemplo nítido de quebra de decoro.
Relator – O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, deputado Ricardo Izar(PSD-SP), que prometeu indicar ainda na quarta-feira o relator para a representação apresentada contra Bolsonaro pelas legendas PT, PCdoB, PSol e PSB na última semana, enfatizou que a apreciação e votação desse processo é uma resposta que precisa ser dada pelo Legislativo à sociedade e ao regimento da Casa.
> Bolsonaro vai responder ao Conselho de Ética
> PGR denuncia Bolsonaro ao Supremo
Maria do Rosário, a deputada agredida, ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, ressaltou esperar que o fato estimule todas as mulheres vítimas de violência. Das ações protocoladas por ela, duas foram entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na primeira, Rosário acusa Bolsonaro de injúria, por ter atingido sua honra; na segunda, por calúnia, por ter dito que ela o chamou de estuprador. A última ação, por danos morais, foi ajuizada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).
A deputada Rebeca Garcia (PP-AM), do mesmo partido de Bolsonaro, participou da manifestação e disse que representava "as mulheres e os homens de bem do PP, que não aceitam o que foi dito na tribuna da Câmara". De acordo com Rebeca, o PP defende o direito de expressão, mas as palavras proferidas pelo parlamentar consistem numa agressão latente às mulheres.
Respeito – "Não quero nada para mim, só o respeito que me é devido. Também quero que toda mulher seja respeitada e que exista responsabilidade efetiva diante desses atos violentos", salientou a ex-ministra Rosário.
A estudante de Direito Fabíola Macedo, da União Nacional dos Estudantes (UNE), que carregava um cartaz afirmando "Não merecemos Bolsonaro" frisou sua indignação com a truculência do deputado do PP fluminense. "Esse homem é um monstro. Não é de hoje que ele apronta, principalmente quando afirma impropérios nas sessões da Comissão de Direitos Humanos. Estamos aqui não apenas para nos solidarizarmos com a deputada Maria do Rosário, mas para mostrar que estamos unidas para pedir que o Congresso deixe de ter representantes deste tipo, que abusam da autoridade e fazem tudo para não ser reconhecido o direito das minorias."
"O pedido não é só pelo ato da última semana, mas por tudo o que o Bolsonaro representa neste Brasil. Um Brasil no qual, entendemos, não cabe mais um deputado com o seu comportamento", acrescentou a assistente social Priscila Arruda.
Apologia – Para a vice-presidente da CUT, Carmen Foro, as palavras de Bolsonaro levam sim à incitação e à apologia ao crime de estupro. "Não descansaremos enquanto ele não perder o mandato e for punido pela Justiça", colocou, ao destacar que o evento consiste no primeiro de vários que a central sindical planeja, como forma de conscientizar a sociedade e pressionar os deputados de todos os partidos e a Justiça. "É preciso punir exemplarmente crimes como este, cometido na chamada Casa do Povo", afirmou.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva, também externou sua indignação. Segundo ela, não basta cassar os direitos políticos de Bolsonaro. "É preciso que o deputado seja responsabilizado criminalmente", destacou.
A senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) reiterou discurso feito no plenário do Senado no início da semana, quando acentuou que o gesto do parlamentar não foi apenas contra a deputada Rosário, mas contra todas as mulheres. "Foi um gesto que incita a violência, o ódio, o preconceito. É uma conduta que é vedada pela Constituição e definida como crime na lei", disse.
O deputado Jair Bolsonaro, que já apresentou defesa prévia junto ao Conselho de Ética, não se pronunciou sobre o ato.
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual – 18/12/2014