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COP 21 limita aquecimento global a 1,5°C até 2100

Linha fina
Acordo prevê a criação de um fundo anual de US$ 100 bi, financiado pelos países ricos; ONGs e chefes de Estado comemoram
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Paris – Representantes de 195 países reunidos na Conferência do Clima (COP21), em Paris, aprovaram no sábado 12 acordo final sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa. O acordo prevê a criação de um fundo anual de US$ 100 bilhões, financiado pelos países ricos, a partir de 2020, para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

O Acordo de Paris, como foi chamado o documento final da 21ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), entrará em vigor em 2020. A cada cinco anos, os países deverão prestar contas sobre as ações desenvolvidas para evitar que a temperatura global não aumente mais de 2 graus Celsius. A redução do aquecimento pretende evitar fenômenos extremos como ondas de calor, seca, cheias, ou subida do nível do mar.

Com a aprovação, o desafio das nações será equilibrar as emissões de gases tóxicos gerados pela ação do homem e os níveis suportados pela natureza. Os países que assinam o documento definiram que as reduções de emissões de gases devem atingir o limite o mais rápido possível, mas não definiram quando o resultado deve ser alcançado. Na conferência, os representantes reconheceram que as nações em desenvolvimento deverão levar mais tempo para atingir as metas definidas.

“Oportunidade histórica” – Organizações não governamentais (ONG) afirmam que o compromisso climático proposto na COP21 é uma oportunidade “histórica” que torna irreversível a transição para uma economia com menos carbono. Todavia, salientam, a partir de agora, os governos e as empresas terão que ser pressionados.

“O trabalho está longe de terminar”, advertiu o diretor executivo do Greenpeace, Kumi Naidoo, comentando o documento apresentado pelo presidente da COP21, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.

Naidoo afirmou que “a luta continua a partir de amanhã”, porque há que pressionar os governos não só para cumprir os compromissos assumidos, como para “elevar o nível de ambição”. Ele lembrou que o documento, particularmente a fixação de um objetivo para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius até 2100, é ferramenta de  transição para uma economia com menos carbono e o abandono das energias fósseis. Ele também afirmou que “a questão do financiamento, no texto final, ficou pouco clara”.

“É um acordo histórico que inclui todos os paises do mundo que, pela primeira vez, se comprometem a reduzir as emissões e a fazer frente às mudanças climáticas”, destacou Mohamed Adow, da Christian Aid. Ele disse que foi firmado um compromisso que constitui “a entrada em uma nova era, na qual as mudança climáticas se tornam mais sérias”.

“Agora é inevitável para todos os Estados entrarem em uma transição para um caminho de baixas emissões. Se não o fizerem voluntariamente, serão obrigados”.

Tim Gore, da Oxfam, disse que o estabelecimento da meta de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius “é vitória moral importante”, mas necessita de “um aumento da ação nos próximos anos”. Gore afirmou ter sentido “grande decepção” pelo fato de não estarem claras as garantias de financiamento da adaptação ao calendário climático.

Samantha Smith, do World Wide Fund for Nature (WWF), destacou como “muito positiva” a formalização do objetivo de 1,5 grau Celsius para o horizonte de 2100. Para ela, é um sinal de que os governos “reconheceram a crise” climática e que o problema é sério. “Agora, o que necessitamos é ação” para reduzir as emissões e poder dispor de mais dinheiro para adaptação e mitigação dos efeitos das alterações climáticas, disse Samantha.

Uma grande preocupação, segundo o WWF, é que “não há garantia de assistência aos que vão sofrer os impactos climáticos imediatos, especialmente os pobres e vulneráveis”.

Chefes de Estado – Líderes mundiais comemoraram a aprovação do texto final da COP21. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou o acordo como enorme passo para assegurar o futuro do planeta.

Pela rede social Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ressaltou a importância do acordo e agradeceu a atuação da diplomacia norte-americana. "Isso é enorme. Quase todos os países do mundo acabam de subscrever o acordo de Paris sobre alterações climáticas".

A presidenta Dilma Rousseff disse que o Acordo de Paris define uma nova fase da luta contra a mudança do clima. “O acordo é justo e ambicioso, fortalecendo o regime multilateral e atendendo aos legítimos anseios da comunidade internacional”, afirmou, em nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou que o Acordo de Paris sobre o clima é uma vitória para o planeta e gerações futuras. De acordo com Kerry, os países mandaram uma mensagem aos mercados sobre a direção correta que devem seguir para diminuir a emissão de gases nocivos ao meio ambiente.

O representante da China na COP 21, Xie Zhenhua, considerou o acordo “justo, ambicioso e equitativo”. “A China felicita todos os países por este acordo, que não é perfeito, tem partes que podem ser melhoradas, mas nos permite avançar para responder ao desafio das alterações climáticas. Acabamos de escolher o caminho certo para o bem das gerações futuras”, afirmou. A China é o país que mais emite gases nocivos ao meio ambiente no mundo.


Agência Lusa, com edição da Redação – 14/12/2015
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