São Paulo – O discurso do governo Temer de "diminuir a influência política" na Caixa caiu por terra de uma vez por todas. Na terça 26, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun - conhecido por sua “dancinha” de comemoração quando a Câmara arquivou a segunda denúncia contra Temer – admitiu que o governo pressiona governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da liberação de recursos do governo federal e financiamentos de bancos públicos, como a Caixa.
> Assine o boletim eletrônico com notícias específicas da Caixa
"Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de todos os agentes públicos, reciprocidade no que tange à questão da (reforma da) Previdência", disse Marun.
"Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência”, acrescentou.
> Cartilha Em Defesa dos Bancos Públicos
Antes da confissão desavergonhada de Marun, o jornal Estado de S.Paulo já havia publicado matéria revelando que o ministro levantou todos os pedidos de empréstimos na Caixa por Estados, capitais e grandes cidades, condicionando a assinatura dos contratos à entrega de votos pelos governadores e prefeitos que exercem influência sobre deputados.
“Usar os financiamentos da Caixa para chantagear governadores e prefeitos é mais uma das aberrações produzidas por este governo. A Caixa, como banco público, deve sim ser um instrumento do governo em benefício da população, como aconteceu em 2008, quando o banco seguiu caminho oposto das instituições privadas e aumentou sua oferta de crédito, com custo mais barato, o que dinamizou a economia e fez com que o Brasil atravessasse uma crise internacional de grandes proporções sem maiores problemas. O que é inadmissível é que a Caixa seja utilizada pelo governo como um instrumento de chantagem para aprovar uma reforma que vai acabar com a aposentadoria pública de milhões de brasileiros”, critica o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.
O dirigente lembra ainda que, enquanto Temer condiciona a liberação de financiamentos da Caixa ao apoio à reforma da Previdência, programas sociais sofrem com a falta de recursos. “Um exemplo é o Minha Casa Minha Vida, que tem previsão de orçamento zero para a faixa 1 (famílias com renda de até R$ 1.800) em 2018. Isso afeta também os empregados, uma vez que possuem metas de prestamista e estão sem crédito para ofertar.”
Dionísio afirma também que as declarações de Marun evidenciam a necessidade de intensificar cada vez mais a luta em defesa dos bancos públicos.
“Enquanto reduz a função social da Caixa, precariza o atendimento, diminui o quadro de funcionários e fecha agências, jogando a população contra a instituição, Temer usa o banco como moeda de troca no Congresso. Em 2017, barramos a Caixa S/A com muita luta e unidade. Em 2018, a defesa dos bancos públicos, fundamentais para o país, deve se intensificar ainda mais. Empregados, entidades representativas movimentos sociais e toda a sociedade devem estar juntos na defesa de um patrimônio tão importante para o país. Por nenhum direito a menos, em defesa da Caixa 100% pública e demais bancos públicos e contra a reforma da Previdência, só a luta te garante!”, conclama o dirigente