Segundo noticiado pela imprensa na quarta-feira 12, o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que o banco estará de olho em possíveis oportunidades de aquisições no ano que vem vindas de Caixa e Banco do Brasil. A cobiça é motivada principalmente pela intenção do próximo governo de atuar fortemente para privatizar áreas dessas e de outras empresas públicas.
A reportagem é da Fenae.
O Bradesco, porém, não é o único interessado nesse fatiamento. No início de novembro, o presidente do Santander, Sérgio Real, defendeu a quebra de monopólios nos serviços financeiros. Entre eles, estão os depósitos judiciais, folhas de pagamento de determinadas categorias e a gestão dos recursos do FGTS. Em relação ao Fundo de Garantia, a Caixa administra hoje mais de R$ 510 bilhões, recursos que são fundamentais para desenvolver políticas públicas nas áreas de habitação e saneamento.
“A próxima gestão não esconde de ninguém que quer privatizar tudo que for possível. No caso da Caixa, os olhares se voltam para FGTS, loterias, cartões, seguros e carteira de habitação, por exemplo. Também já se fala na volta do projeto para transformar o banco em uma Sociedade Anônima, o que conseguimos barrar com muita luta. Esse, aliás, é o caminho. Resistir contra o esquartejamento da empresa, numa ampla frente formada por empregados, entidades, movimentos populares e sociedade”, diz o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.
Jair Ferreira reforça que a Caixa atua baseada em um forte papel social, perfil este que não é o do setor privado. “Bancos como Itaú, Santander e Bradesco visam o rentismo, o lucro. Não estão interessados, por exemplo, em programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Para a Caixa o lucro também é importante, claro. Isso mostra que ela é eficiente, dá resultado e ainda contribui com o desenvolvimento econômico e social do país. Em caso de fatiamento e diminuição do banco, os brasileiros serão os maiores prejudicados”, observa.
Campanha “Não tem sentido”
A Fenae lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”, cujo objetivo é mobilizar os trabalhadores da Caixa e os brasileiros em geral, mostrando que o banco precisa continuar 100% público, forte, social e a serviço dos brasileiros. Por meio do site www.naotemsetido.com.br, é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos opinando por quais motivos a empresa não pode ser privatizada ou enfraquecida.
Em manifesto divulgado por ocasião do lançamento da campanha, a Fenae destaca que não tem sentido jogar fora conquistas importantes. “Poupança, penhor, habitação, FGTS, programas sociais inovadores, eficientes e reconhecidos no mundo inteiro. Em 157 anos de existência a Caixa consolidou o seu protagonismo no desenvolvimento econômico e social do Brasil”. E ainda: “Quem defende a privatização da Caixa, seja de todo o banco ou seja em partes, não tem o menor compromisso com o Brasil e com os brasileiros”.