O Sindicato dos Bancários de São Paulo, por meio da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal, voltou a cobrar mudanças profundas no programa Super Caixa e o fim do processo de reestruturação e fechamento de unidades.
Na negociação com o banco, realizada na sexta-feira 19, os representantes dos empregados também discutiram o Saúde Caixa, o empréstimo consignado e pendências relacionadas à remuneração, como a Promoção por Mérito.
O Super Caixa foi o principal foco das cobranças. A representação dos empregados reafirmou que o programa, criado para substituir o Bônus Caixa e o TDV, tem imposto regras complexas e condicionantes injustas, definidas sem negociação, que dificultam ou até impedem o recebimento das comissões e do bônus.
Mesmo empregados que atingem suas metas individuais acabam ficando sem premiação quando a agência não alcança todos os indicadores coletivos, o que tem gerado frustração, conflitos internos e adoecimento.
A avaliação negativa do Super Caixa é praticamente unânime entre os trabalhadores, com indignação registrada em todo o país. Entre as principais críticas estão a mudança das regras durante o período de apuração, a redução da previsibilidade, a intensificação das metas e o alongamento da periodicidade de pagamento, que deixou de ser trimestral e passou a ser semestral.
“Os critérios de remuneração do Super Caixa são pouco transparentes e ainda mudam sem justificativa. Os empregados estão batendo as metas, mas não estão sendo remunerados. Queremos que o Super Caixa seja simples: vendeu, recebeu”, afirma Luiza Hansen, dirigente do Sindicato e representante da Fetec-CUT/SP na CEE/Caixa.
Nesse contexto, o movimento sindical reforçou a importância do abaixo-assinado nacional contra o Super Caixa, que cobra a suspensão do programa nos moldes atuais, a abertura imediata de negociação, a garantia de que ele não substitua nem reduza a PLR e a adoção de mecanismos de proteção à saúde mental.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Contraf-CUT, a Fenae e as demais entidades representativas dos associados conclamam as empregadas e os empregados da Caixa a aderirem ao abaixo-assinado e fortalecerem a pressão por mudanças.
Reestruturação e fechamento de unidades
A CEE também voltou a alertar para os impactos do processo de reestruturação e fechamento de agências, que vem sendo intensificado desde 2017. Dados divulgados pela Contraf-CUT e pela Fenae mostram que, desde então, a Caixa já fechou 196 agências, sendo 113 apenas em 2024, o que compromete o acesso da população aos serviços bancários, especialmente em municípios e bairros onde a Caixa é o único banco, além de enfraquecer a economia local.
Durante a reunião, a Caixa afirmou ainda que não haverá novos fechamentos de unidades em 2026, informação considerada relevante, mas que não elimina a preocupação com os efeitos das mudanças já implementadas. A CEE reforçou que todas as alterações estruturais devem ser discutidas previamente em mesa de negociação, conforme prevê o ACT.
“A Caixa é o único banco 100% público com atuação nacional e presta serviços sociais exclusivos. Não é razoável uma instituição financeira com essas características e magnitude seguir fechando agências. O banco deve, na verdade, expandir sua presença para atender melhor a população, sobretudo de bairros ou distritos afastados dos centros das grandes cidades, ou em municípios pequenos”, salienta Luiza Hansen.
A Caixa reafirmou o compromisso de que ninguém deve ter prejuízo na remuneração e que já passou essa instrução para todos os gestores. Diante disso, a CEE orienta que as empregadas e os empregados que tiverem queda salarial ou se sentirem prejudicados em razão da reestruturação ou do fechamento de unidades procurem imediatamente os representantes de seus sindicatos, para que sejam adotadas as providências necessárias.
Promoção por Mérito, Saúde Caixa e outros pontos
Sobre a Promoção por Mérito, a Caixa informou que os deltas têm previsão de pagamento em janeiro, após a análise do cumprimento dos critérios. A CEE cobrou que as reuniões para definição dos critérios dos deltas de 2026 ocorram já a partir de janeiro, para garantir previsibilidade.
Em relação ao Saúde Caixa, o banco não confirmou a data exata da assinatura do acordo, mas informou que a previsão é que a assinatura ocorra na próxima semana.
A Caixa, no entanto, não apresentou respostas aos questionamentos da CEE sobre como ficará a rede de atendimento e a assistência à saúde nas bases onde o acordo não foi aprovado, mantendo a insegurança dos trabalhadores dessas localidades e dos demais usuários do plano que estiverem nestes locais.
Outra cobrança feita na mesa foi sobre o funcionamento dos Comitês de Credenciamento, que precisam trazer respostas efetivas que apontem para melhoria da qualidade do plano e ampliação da rede de credenciados, especialmente no interior, onde a cobertura geralmente é mais deficitária.
Após cobrança do movimento sindical, a Caixa comunicou à rede que o Termo de Aceite do Intervalo para repouso e alimentação foi revogado, atendendo a uma reivindicação da CEE.
Já sobre o empréstimo consignado, a empresa informou que o problema decorre de falhas na Dataprev e que a previsão de retomada das concessões é o dia 23. A CEE alertou que, caso isso não se concretize, será necessário discutir alternativas imediatas para não prejudicar os empregados.
A próxima reunião de negociação entre a CEE e a Caixa está prevista para o final de janeiro, ainda sem data definida. Até lá, a Contraf-CUT, a Fenae e as entidades sindicais seguem mobilizadas, cobrando diálogo, transparência e respeito aos direitos, e reforçam o chamado para que os empregados da Caixa assinem o abaixo-assinado contra o Super Caixa e fortaleçam a luta coletiva.