São Paulo – O corte de empregos no setor bancário se repetiu em junho. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, foram 1.131 postos fomais extintos no mês passado. No acumulado do ano (janeiro a junho), os bancos já eliminaram 10.752 vagas no país.
Por outro lado, os lucros continuam crescendo. Juntos, os cinco maiores (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa) alcançaram R$ 17,6 bilhões apenas no primeiro trimestre do ano, um resultado 30% maior do que o apresentado por essas instituições financeiras nos primeiros três meses de 2016.
“Sabemos que mesmo com a economia em crise, os bancos têm lucros cada vez maiores. E ainda procuram aumentar esses resultados bilionários com extinção de empregos e rotatividade. Ou seja, além de diminuir o número de trabalhadores, os novos funcionários entram ganhando pouco mais da metade do que recebiam os que saíram”, destaca a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.
Dados do Caged comprovam: em junho, os admitidos ganhavam apenas 53% da média salarial dos desligados; de janeiro a junho, a média da remuneração dos recém-contratados foi de 59% da dos que saíram.
Desmontes – Para a dirigente, a política de eliminação de empregos nos bancos – o setor apresenta saldo negativo de empregos desde 2012 – só tende a aumentar com as reformas de Temer aprovadas no Congresso, como a lei da terceirização e as mudanças na CLT. “De 2012 até junho deste ano, o setor bancário já cortou 47.046 vagas. E eles terão ainda mais facilidade para demitir com a aprovação do desmonte trabalhista e com a possibilidade de terceirizar até mesmo as funções tipicamente bancárias”, lembra.
“Não é à toa que os banqueiros estão entre os principais apoiadores do golpe que mudou os rumos do país, com a adoção de um projeto ultraliberal que havia perdido nas urnas. Eles inclusive chegaram a contribuir com emendas a esses projetos, como denunciou o site The Intercept Brasil”, acrescenta.
> Itaú envia comunicado sobre reforma trabalhista
> Dono do Itaú defende reforma trabalhista
> Em nota, Bradesco defende reformas
> Por que Setubal defende a reforma trabalhista?
> Santander defende desmonte trabalhista de Temer
PDVs – Neiva lembra ainda que Bradesco e Caixa anunciaram programas de demissão voluntária para diminuir ainda mais o número de funcionários. A Caixa – que segundo o Caged cortou 4.429 vagas de janeiro a junho –, pretende alcançar pelo menos 5,4 mil postos de trabalho com o PDVE (Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário), totalizando os 10 mil empregados que o primeiro PDVE pretendia demitir. O Bradesco, que vai fazer o primeiro PDVE de sua história, não informou oficialmente quantos trabalhadores quer alcançar, mas segundo a imprensa, seriam 5 mil, podendo chegar a 10 mil.
Resistência – Diante das ameaças a direitos e aos empregos, Neiva ressalta que a mobilização é fundamental. “É a nossa capacidade de resistir que fará a diferença. A categoria tem de estar ainda mais organizada em torno de seus sindicatos, unida e mobilizada para defender seus direitos e seus empregos.”
Brasil – No país, ainda segundo o Caged, foram abertas 9.821 vagas de emprego formal em junho. Foi o terceiro resultado positivo consecutivo do indicador, mas o primeiro resultado positivo para o mês desde 2014. No acumulado do primeiro semestre, foram criados 67.358 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses (junho de 2016 a junho de 2017), o saldo é negativo, com fechamento de 749.060 vagas.