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Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual
6/1/2017
São Paulo – A demora para o atendimento à população em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), hospitais e outros serviços de saúde, que já é grande, deverá ficar ainda maior. A estimativa é que o tempo seja duas vezes maior que o de hoje. O alerta é do médico Thiago Henrique Silva, diretor nacional do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).
Na terça-feira 3, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, assinou a portaria n° 10/2017, que redefine as diretrizes para o modelo assistencial e de financiamento das UPA. Entre as mudanças, a que afeta mais diretamente a população é a redução do número mínimo de médicos para cada UPA, que passa de quatro para dois profissionais. Ou seja, apenas dois médicos deverão realizar 2.250 atendimentos por mês – número médio de atendimento em cada unidade.
"Se já estava longe do ideal a presença de dois ou três clínicos para fazer o atendimento de porta, enquanto outros dois atendem casos mais graves, como vai ficar agora que esse número vai cair pela metade?", questiona o diretor do Cebes, que tem experiência como diarista em uma unidade em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
"É um grande absurdo colocar nas costas da população e dos profissionais de saúde, que ficarão ainda mais sobrecarregados. Há casos em que dois médicos precisam atender um mesmo paciente, em situação mais grave. Por isso há que se ter mais profissionais, até para o caso de receber outro paciente grave que vier", ressalta.
Segundo Thiago, a portaria deixa a cargo dos gestores municipais decidirem quantos profissionais atenderão em cada UPA. Porém, como a mudança atende pressões de muitos prefeitos que querem abrir unidades, mas não podem arcar com a contratação de mais médicos, dificilmente contratarão mais.
O médico lembra ainda que a população, que muitas vezes espera mais de duas horas para ser atendida, poderá seguir para outros serviços na região, em busca de atendimento mais rápido. "Com isso, esses hospitais que tiveram alívio com as abertura de UPAs, voltarão a ficar lotados", alertou.
O Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, que já se manifestaram de maneira contrária à medida, enviaram ofício ao ministro Barros, pedindo audiência. O objetivo é a revogação dessa alteração. As entidades não descartam ir à Justiça.
As entidades informam que essa medida "representa o predomínio da lógica econômica em detrimento dos direitos individuais e coletivos previstos na Carta Magna de 1988". E que a mudança de parâmetros comprometerá a qualidade do trabalho médico e da assistência oferecida aos brasileiros "em momentos de extrema vulnerabilidade".
O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) considera "uma absoluta irresponsabilidade" do ministro Ricardo Barros reduzir a equipe mínima de médicos das Unidades de Pronto Atendimento. "A diminuição no número de profissionais refletirá em uma piora das condições de trabalho e, consequentemente, acarretará no aumento de espera e piora da qualidade de atendimento."
Em nota, a entidade destaca que as emergências em todo o país já estão superlotadas e a demora no atendimento coloca a saúde e a vida em risco e expõe médicos e demais profissionais a riscos de violência.
6/1/2017
São Paulo – A demora para o atendimento à população em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), hospitais e outros serviços de saúde, que já é grande, deverá ficar ainda maior. A estimativa é que o tempo seja duas vezes maior que o de hoje. O alerta é do médico Thiago Henrique Silva, diretor nacional do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).
Na terça-feira 3, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, assinou a portaria n° 10/2017, que redefine as diretrizes para o modelo assistencial e de financiamento das UPA. Entre as mudanças, a que afeta mais diretamente a população é a redução do número mínimo de médicos para cada UPA, que passa de quatro para dois profissionais. Ou seja, apenas dois médicos deverão realizar 2.250 atendimentos por mês – número médio de atendimento em cada unidade.
"Se já estava longe do ideal a presença de dois ou três clínicos para fazer o atendimento de porta, enquanto outros dois atendem casos mais graves, como vai ficar agora que esse número vai cair pela metade?", questiona o diretor do Cebes, que tem experiência como diarista em uma unidade em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
"É um grande absurdo colocar nas costas da população e dos profissionais de saúde, que ficarão ainda mais sobrecarregados. Há casos em que dois médicos precisam atender um mesmo paciente, em situação mais grave. Por isso há que se ter mais profissionais, até para o caso de receber outro paciente grave que vier", ressalta.
Segundo Thiago, a portaria deixa a cargo dos gestores municipais decidirem quantos profissionais atenderão em cada UPA. Porém, como a mudança atende pressões de muitos prefeitos que querem abrir unidades, mas não podem arcar com a contratação de mais médicos, dificilmente contratarão mais.
O médico lembra ainda que a população, que muitas vezes espera mais de duas horas para ser atendida, poderá seguir para outros serviços na região, em busca de atendimento mais rápido. "Com isso, esses hospitais que tiveram alívio com as abertura de UPAs, voltarão a ficar lotados", alertou.
O Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, que já se manifestaram de maneira contrária à medida, enviaram ofício ao ministro Barros, pedindo audiência. O objetivo é a revogação dessa alteração. As entidades não descartam ir à Justiça.
As entidades informam que essa medida "representa o predomínio da lógica econômica em detrimento dos direitos individuais e coletivos previstos na Carta Magna de 1988". E que a mudança de parâmetros comprometerá a qualidade do trabalho médico e da assistência oferecida aos brasileiros "em momentos de extrema vulnerabilidade".
O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) considera "uma absoluta irresponsabilidade" do ministro Ricardo Barros reduzir a equipe mínima de médicos das Unidades de Pronto Atendimento. "A diminuição no número de profissionais refletirá em uma piora das condições de trabalho e, consequentemente, acarretará no aumento de espera e piora da qualidade de atendimento."
Em nota, a entidade destaca que as emergências em todo o país já estão superlotadas e a demora no atendimento coloca a saúde e a vida em risco e expõe médicos e demais profissionais a riscos de violência.