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Chapéu
Febre ruralista

61% dos deputados federais votam projetos de interesse do agronegócio

Linha fina
Dados foram apontados por ferramenta virtual lançada pela ONG Repórter Brasil que contou com a participação de entidades de defesa do meio ambiente para avaliar a atuação dos parlamentares durante votações importantes
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Arte: Linton Publio

São Paulo – O Ruralômetro, ferramenta virtual lançada pela ONG Repórter Brasil, que avalia o comportamento socioambiental dos deputados federais eleitos em 2014, identificou que pelo menos 313 parlamentares sofrem da chamada "febre ruralista", por terem apresentado ou votado a favor de projetos de lei que têm impacto negativo para o meio ambiente e atendem aos interesses do agronegócio. 

O levantamento abrange a atuação dos deputados em 14 votações nominais e de 131 projetos de lei, e também mediu o impacto das medidas legislativas para trabalhadores rurais e comunidades indígenas.

Para avaliar a postura dos parlamentares em cada votação, a Repórter Brasil convidou oito organizações ligadas à defesa do meio ambiente e da cidadania, que atribuíram pontuações que depois foram convertidas e apresentadas em escala que vai de 36º a 42º, equivalente à temperatura corporal.  Quanto pior avaliado o parlamentar, mais alta a sua temperatura. Foram considerados saudáveis, aqueles com temperatura entre 36º e 37°. Até 38º, estariam com uma "febrícula". Acima de 38,1º, estariam efetivamente doentes. 

Quase a metade, ou 49% dos diagnosticados com febre, faz parte da chamada bancada ruralista, já que os deputados integram oficialmente a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), criada para defender os interesses do agronegócio. 

O Ruralômetro identificou que, entre os partidos, MDB, PEN, PHS, PSL têm 100% dos seus representantes acometidos pelo mal da febre ruralista. No PSD e DEM, são 94% e 89%, respectivamente, os parlamentares afetados. No PSDB, o mal atinge três a cada quatro deputados. 

Quem registrou a mais alta temperatura, 42º, foi o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da FPA, autor de oito projetos lesivos ao meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais. 

Com 88% da bancada comprometida com o agronegócio, Goiás lidera o ranking dos estados febris, seguido por Mato Grosso, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins, todos com 87% dos deputados em vermelho.

Participaram como avaliadores o Instituto Socioambiental (ISA), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados(as) Rurais (Contar), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), o Greenpeace e a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente. 

De acordo com o levantamento, o ano de 2017 foi campeão em votações desfavoráveis ao meio ambiente, entre as quais medidas provisórias (MP) editadas pelo governo de Michel Temer, e aprovadas pelo Congresso, que reduziu áreas protegidas na Amazônia, além da proposta de regularização fundiária que ficou conhecida como MP da Grilagem. 

O Ruralômetro identifica, ainda, 288 deputados que receberam doações de empresas que foram multadas pelo Ibama ou incluídas na chamada lista suja do trabalho escravo. Outros 65 parlamentares são apontados como devedores do INSS, e cinco foram multados diretamente por crimes ambientais. 

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