A inflação brasileira encerrou 2019 em 4,31%, acima do centro da meta do governo, de 4,25%, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em dezembro, o IPCA – medido pelo IBGE – acelerou em 1,15%, contra 0,51% no mês anterior. É a maior taxa para dezembro desde 2002 (2,10%). No mesmo mês de 2018, o índice ficou em 0,15%.
O resultado foi puxado por itens importantes de alimentação. A carne acumulou 32,4% no ano passado e o feijão ficou 55,99% mais caro. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a inflação oficial.
Quase todas as categorias de gastos ficaram mais caras em 2019. Alimentação registrou alta de 6,37%. Também subiram saúde e cuidados pessoais (5,41%), educação (4,75%), despesas pessoais (4,67%), habitação (3,9%), transportes (3,57%), comunicação (1,07%) e vestuário (0,74%). As loterias tiveram alta de 40,35%. Artigos de residência registraram queda de 0,36. Os planos de saúde, particularmente, subiram 8,24%, devido ao reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O aumento do preço da carne fez com que os brasileiros substituíssem o alimento por outros, como frango, ovos e linguiça. As redes sociais foram tomadas por memes que mostravam churrasco com “espetinhos” de ovos.
Segundo analistas, a grande demanda externa, vinda da China, e a desvalorização do real foram decisivas para a alta do alimento, que subiu 18,06% apenas em dezembro.
Dezembro
Pressionado pela carne, o grupo Alimentação e bebidas registrou alta de 3,38% no mês de dezembro, depois da aceleração na passagem de outubro para novembro, de 0,05% para 0,72%. No mesmo mês de 2002, o índice desse grupo foi de 3,91%.
O aumento no grupo Transportes no mês (1,54%) foi motivado pela alta dos combustíveis, de 3,57%, puxada pela gasolina (3,36%) e o etanol (5,50%). As passagens aéreas, que haviam subido 4,35% em novembro, registraram alta de 15,62% em dezembro.
Em termos regionais, a maior variação se deu na região metropolitana de Belém (1,78%), com influência destacada da alta nos preços das carnes. O menor resultado foi registrado no município de Rio Branco (0,60%). Em São Paulo, o índice ficou em 0,93%.