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Alckmin admite venda da Petrobras no futuro

Linha fina
Em evento com empresários da construção civil, governador de São Paulo e pré-candidato à presidência defendeu privatizações de estatais e disse apoiar a reforma da Previdência, medidas desaprovadas pela maioria da população
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Foto: Beto Barata/PR

São Paulo – Pré-candidato do PSDB à presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu as privatizações e admitiu a venda da Petrobras. A afirmação foi na quarta-feira 7, em encontro com empresários da construção civil, em Brasília. O pré-candidato disse que alguns setores da Petrobras deveriam ser passados à iniciativa privada e admitiu que, no futuro, toda a petrolífera poderia ser privatizada.

Essas declarações podem ser um tiro pé, já que levantamento Datafolha divulgado em dezembro apontou que sete em cada dez brasileiros (70%) são contra eventual proposta de privatização da estatal petrolífera. Mesmo entre eleitores tucanos, 55% são contra as privatizações, em geral, e apenas 37%.

Para a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, a declarações do tucano não surpreendem, já que ele, mais uma vez, defende os interesses de uma minoria, em detrimento da grande maioria da população brasileira. “Agora ele ataca a Petrobras, amanhã ele pode ameaçar Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, como já fez seu colega de partido, Fernando Henrique Cardoso, quando estava na Presidência [1995 a 2002]”, diz a dirigente.

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“A lógica de setores da elite é acabar com as empresas públicas para dar mais lucro aos banqueiros e empresários. Os bancos públicos têm um papel fundamental de desenvolvimento do país, concedendo crédito com juros mais baixos e melhores condições para a agricultura familiar, habitação, educação, saneamento e infraestrutura”, lembrou Ivone.

Apesar de ter negado a intenção de privatizar BB e Caixa, Alckmin defendeu a entrega de subsidiárias desses bancos ao controle privado. Ivone ressalta que esse discurso não convence: “Querem disfarçar o processo de privatização começando pelas subsidiárias do banco para manter o lucro e interesses do mercado acima do bem-estar da população".

Defendendo o fim da aposentadoria – No mesmo evento, o tucano classificou como "necessária e importante" a proposta de reforma da Previdência que o governo Temer pretende colocar em discussão na Câmara dos Deputados a partir de 19 de fevereiro, mas que enfrenta resistência da própria base, de partidos de oposição, movimentos sociais, bem como da maioria da população.

O tucano sugeriu que é preciso "simplificar" a Previdência, e se vangloriou de ter feito uma reforma no sistema estadual de aposentadorias ainda em 2011. 

Outro tiro no pé: pesquisa Vox Populi, realizada a pedido da CUT, identificou que, em novembro de 2017, 85% dos brasileiros eram contra o projeto de reforma do governo, a PEC 287, e 71% achavam que não conseguiriam se aposentar com as mudanças pretendidas. 

Em dezembro, pesquisa Ibope constatou que 46% eram contra a proposta, 33% não sabiam ou não quiseram opinar, e apenas 18% se declaravam a favor. 

Após a ofensiva midiática que levou Temer a programas populares de TV para defender a medida, que também foi alvo de críticas, o governo lançou nesta semana campanha publicitária que foi ridicularizada nas redes sociais, em mais uma demonstração da falta de apoio popular. 

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Mal na fita – Falando como presidenciável, Alckmin parece não estar atento aos anseios do eleitorado, já que a última pesquisa Datafolha trouxe o governador oscilando entre a terceira e quarta posição entre os possíveis candidatos ao Planalto. No melhor dos cenários, ele fica com 11% das intenções de votos, quando nem Lula nem Marina Silva são colocados na disputa.

Em outro cenário, o governador de São Paulo empata com os mesmos 6% dos votos do apresentador Luciano Huck, o que alimentou novos rumores quanto a eventual candidatura do global, que lhe rendeu inclusive comentários elogiosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que oficialmente apoia o governador paulista, mas não muito.

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