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Chapéu
Greve dos Petroleiros

Decisões do TST atentam contra direito de greve. Rio terá ato nesta terça

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Grupo formado na USP identifica ataque a direito consagrado e aponta práticas antissindicais da Petrobras. Paralisação já dura 17 dias. Caravanas se dirigem ao Rio para ato nesta terça
Imagem Destaque
FUP

Decisões recentes do Tribunal Superior do Trabalho (TST) relativas à paralisação nacional dos petroleiros configuram “claro ataque” ao direito de greve, afirma o Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital (GPTC), formado originalmente por estudantes de graduação e pós da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Para o grupo, oficializado em 2013, a Petrobras tem cometido práticas antissindicais. Um ato em defesa da Petrobras e da greve dos petroleiros protestará contra a conduta da empresa na terça-feira 18.

A reportagem é da Rede Brasil Atual.

A manifestação ocorrerá diante da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, às 16h. A paralisação da categoria já dura 17 dias e, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), atinge agora 121 unidades, incluindo 58 plataformas, 11 refinarias e 24 terminais, e 64% dos efetivos operacionais da Petrobras e subsidiárias – 21 mil de 33 mil trabalhadores – , em 13 estados.

De acordo com a FUP, o movimento se deve ao descumprimento do acordo coletivo, configurado com as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), em Araucária (PR).

O ministro Ives Gandra, do TST, deu liminar favorável à empresa, determinando manutenção de 90% do efetivo e fixando multas que podem atingir R$ 500 mil por unidade. Decisão semelhante já havia sido proferida em novembro, em outra greve, mas foi cassada pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos do tribunal. Agora, a Petrobras foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, decisão que libera as determinações de Gandra.

Os petroleiros tentam negociar, inclusive com uma comissão que ocupou sala no edifício-sede, no Rio de Janeiro, mas a empresa segue irredutível. Além do ato marcado para esta terça-feira 18, a partir das 16h, diante do prédio, na região central do Rio, a categoria tem alertado que um eventual desabastecimento será responsabilidade da direção da Petrobras.

“Trata-se de um claro ataque ao direito de greve dos trabalhadores e trabalhadoras, previsto no artigo 9º, da Constituição de 1988, o qual explícita que ‘É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender’; impedindo por essa via a solidariedade entre os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras, efetivos(as) e terceirizados(as), e confrontando a atuação organizada dos trabalhadores contra a política do governo federal, a qual entendem ser destrutiva de suas condições de trabalho e da Petrobras que é reconhecidamente um patrimônio nacional”, diz o GTPC, que é coordenado pelo juiz e professor Jorge Luiz Souto Maior, atualmente desembargador no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, em Campinas (SP).

“Repudiamos também a prática antissindical que a Petrobras tem levado à frente ao enviar cartas nas residências dos trabalhadores e trabalhadoras, coagindo-os para que encerrem o movimento grevista e voltem imediatamente ao trabalho”, acrescenta o grupo.

O GPTC tem subgrupos em quatro instituições: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade São Judas Tadeu (USJT). Também integra a Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos em Direito do Trabalho e Seguridade Social.

 

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