O Bradesco teve lucro líquido recorrente (que exclui eventos extraordinários) de R$ 26,215 bilhões em 2021. Isso representa um crescimento de 34,7% em relação ao ano de 2020. No quarto trimestre do ano passado, o lucro do banco foi de R$ 6,613 bilhões, uma pequena queda (2,3%) na comparação com o trimestre anterior.
O balanço, divulgado na terça-feira 8 pelo banco, mostra ainda que o Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROAE) ficou em 18,1%, com alta de 3,3 p.p. em doze meses.
Mesmo assim, em 2021, o banco fechou 2.301 postos de trabalho, e demitiu durante a pandemia, o que gerou sobrecarga de trabalho para os que ficaram e mais tempo de fila para os clientes.
“O Bradesco vê seu lucro crescer, sua rentalibilidade aumentar [ROAE] ao mesmo tempo em que extingue empregos. E isso num país que vive altos índices de desemprego, aumento da pobreza e da fome”, critica a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, bancária do Bradesco.
Neiva lembra que os funcionários do banco estão sobrecarregados, adoecidos, pressionados por metas que duplicaram e até triplicaram mesmo na pandemia.
Apenas com o que arrecada em receitas de tarifas, o Bradesco cobre 128,66% de sua folha de pagamento, incluindo a PLR. A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 4,9% em doze meses, totalizando R$ 27,5 bilhões. As despesas de pessoal mais PLR cresceram 6% no período, somando R$ 21,4 bilhões.
A holding encerrou o ano de 2021 com 87.274 empregados. No ano, foram encerradas 448 agências, enquanto foram abertas 273 unidades de negócio.
“O banco não tem por que demitir com esses resultados. Muito pelo contrário, tanto Bradesco quanto outros bancos poderiam contratar mais para contribuir com a geração de empregos, o que beneficiaria o país e faria com que atendessem melhor a população, que dependendo da região não tem uma agência bancária sequer”, acrescenta Neiva.
Outros números
A Carteira de Crédito Expandida do banco cresceu 18,3% em doze meses e de 5,1% no trimestre, atingindo R$ 812,7 bilhões. Segundo o relatório do banco: “em função da alteração do mix do portfólio e destaque para as operações com pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas, segmentos que demandam por maiores provisões”.
As operações com pessoas físicas cresceram 23,2% em doze meses, chegando a R$ 320,8 bilhões, com alta em todas as linhas e destaque para o crédito imobiliário (+31,2%); cartão de crédito (30,5%); o crédito rural (25%); crédito pessoal (+21,2%) e crédito consignado (20,7%).
O crédito para pessoa jurídica cresceu 15,3% em doze meses, alcançando R$ 491,9 bilhões. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 24,5% no período e o de grandes empresas apresentou alta de 11,0%.
O Índice de Inadimplência superior a 90 dias, incluindo Pessoa Física e Pessoa Jurídica, ficou em 2,8%, com alta de 0,6 p.p. em comparação a 2020.
Já as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) foram reduzidas em 38,7%, totalizando R$ 15,428 bilhões, porque, em 2020, o banco provisionou extraordinariamente em função das perspectivas negativas frente a pandemia, o que não se concretizou.