São Paulo – A responsabilidade dos bancos na crise imobiliária trouxe às instituições financeiras despesas que chegaram a US$ 99,5 bilhões com a Justiça. De acordo com análise do Financial Times sobre 200 multas e restituições de valores, desde 2007, a soma total dos acordos judiciais atingiu esse patamar, contando com US$ 885 milhões de acordo entre o Credit Suisse e Agência Federal de Financiamento Residencial, firmado em março.
O lucro dos seis grandes bancos estadunidenses – J.P. Morgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Morgan Stanley e Goldman Sachs – somou US$ 76 bilhões em 2013, sendo que os acordos e restituições foram de, no máximo, US$ 11,8 bilhões.
A aplicação das penalidades geram discussões. Uns afirmam que as multas são pequenas pelo tamanho dos impactos sociais da crise. Outros acham que os processos penalizam efetivamente os bancos.
Críticos dizem que o impacto desses processos é muito pequeno frente ao que os bancos causaram à sociedade. Além disso, essas despesas podem ser absorvidas tranquilamente.
Para Anat Admati, professora de economia da Stanford University, as multas podem ser vistas como [um] “custo de se fazer negócios”. “Não atacam a raiz do problema e não são eficientes para mudar o comportamento”, diz.
Pelo contrário, Tony Fratto, de uma empresa que trabalha com pesquisas feitas para empresas, governos e mídia, diz que as multas são “bem substanciais, em alguns casos, com ordens de magnitude maiores do que tudo o que vimos no passado”.
Segundo o “Financial Times”, de Washington, a Casa Branca foi mais rigorosa a partir de 2012, para desfazer a ideia de impunidade dos bancos. Mais da metade do valor das penas foi aplicada em 2013.
Redação, com informações do Valor – 28/3/2014
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O valor das penas chega a quase US$ 100 bilhões. Mesmo com condenações, pode-se tratar apenas de “custos de negócios”
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