São Paulo – Ao permitir o voto em braille, a categoria dos bancários inova nas eleições para a escolha dos seus representantes. Pela primeira vez, os funcionários com deficiência visual puderam votar pelo sistema de pontos em alto relevo, que são lidos usando o tato.
Gabriel Vicalvi (foto), analista de sistemas que trabalha no Centro Tecnológico Itaú Unibanco (antigo CTO), aprovou a votação em braille. O bancário votou na sexta 28 – junto com Júlia, sua cão-guia há um ano e sete meses .
“O braile é bom porque dá independência, você tem certeza em quem está votando”, afirmou.
Gabriel, que já nasceu com a deficiência, acredita que a iniciativa deve ser ampliada e divulgada, mesmo que algumas pessoas – geralmente as que ficaram cegas depois de adultas – não saibam ler pelo sistema.
Outra colega também acha importante a inovação. A bancária Gisele Crisóstimo Brandão de Sousa, do Banco do Brasil, que votou na terça 25, acredita que “a votação em braille é boa porque trata todo mundo com igualdade”.
Gisele votou logo no primeiro dia, em uma cédula normal, acompanhada de uma amiga. “Fui votar e escolhi uma colega. Foi tranquilo, não houve constrangimento, mas a possibilidade do braille é melhor porque a gente tem autonomia”, afirma.
Ambos recebem a Folha Bancária em braille, uma versão mensal da Folha Bancária voltada para quem tem deficiência visual.
A importância de participar foi destacada por Gabriel, bancário com oito anos de Itaú e que é sindicalizado há seis anos: “Acho legal a gente ter a possibilidade de voto com igualdade, como qualquer outra pessoa. Faço questão de votar porque tenho que fazer minha parte para manter a qualidade e as conquistas que a gente, bancário, teve e tem ao longo do tempo”.
Para outro bancário, Renato Pereira, que tem deficiência auditiva, o voto é importante para “ajudar na luta”. Ele trabalha em uma agência do Safra no Tatuapé.
As eleições do Sindicato para o triênio 2014/2017 terminaram às 16h da sexta 28. Houve grande participação da categoria e coleta de votos em todos os locais de trabalho em São Paulo e em outros 15 municípios da base.
Mariana Castro Alves – 28/3/2014
Linha fina
Pela primeira vez, bancários com deficiência visual puderam escolher seus representantes por meio da leitura pelo tato
Imagem Destaque