Pular para o conteúdo principal

“Resultado nas urnas foi reconhecimento”

Linha fina
Reeleita com mais de 82% dos votos válidos, presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, fala dos desafios da diretoria no triênio 2014/2017
Imagem Destaque

São Paulo - Com mais de 82% dos votos válidos, os bancários reelegeram Juvandia Moreira presidenta do Sindicato. A bancária do Bradesco encabeçou a Chapa 1 durante o processo eleitoral realizado entre os dias 25 e 28 de março. Abaixo, ela fala sobre o pleito e as perspectivas para a gestão 2014/2017.

> Chapa 1 vence com 82,11% dos votos
> Vídeo: Juvandia é reeleita presidenta

Qual a sensação de ter sido eleita, pela segunda vez, com uma votação tão expressiva?
É uma sensação muito boa porque significa que os bancários aprovaram a gestão e que confiam nos membros da chapa 1 para conduzir a luta dos trabalhadores e da categoria no próximo período. Significa reconhecimento e confiança.

Qual você considera ser o principal desafio dessa nova gestão?
A gente não tem um,  tem alguns desafios. Por exemplo, as mudanças tecnológicas e o reflexo delas no emprego bancário é um deles e grande. Temos ainda o desafio de formar sindical e politicamente os trabalhadores, fazer com que eles percebam a importância de participar das lutas, pois as conquistas só acontecem com participação. O  Sindicato não é feito por 88 dirigentes e sim por toda a categoria.

Outra grande bandeira será garantir plano de saúde para aposentados. Temos de negociar, fazer pressão para que os aposentados tenham direito a manter o plano no momento em que mais precisam.

Temos também o desafio de, junto com as outras categorias, manter as lutas dos trabalhadores, seja pela redução da jornada legal, seja pelo fim do fator previdenciário. Lutas que os trabalhadores definiram como estratégicas para o próximo período.

E mais: o desafio de se manter como Sindicato Cidadão que busca melhorar a cidade, o estado, o país onde os trabalhadores vivem. É o caso do problema da mobilidade urbana:  São Paulo precisa de mais metrô e para isso tem que ter pressão da sociedade organizada. Outra questão é de mais segurança pública, temos de viver em um lugar em que a gente se sinta mais seguro, pra sair de casa, deixar a família.

E qual a conquista mais importante da sua presidência até agora?
Também acho que não é só uma. Uma coisa que nós sempre valorizamos foi o piso da categoria, desde 2010, quando eu assumi, nós tivemos uma negociação que resultou no maior aumento real do piso desde que ele foi criado (o reajuste foi de 16,3%, com aumento real de 11,6%). Tivemos a conquista da isenção do imposto de renda na PLR, com redução para todo mundo. A gente teve o abono assiduidade, o vale-cultura que é uma política pública importantíssima para democratizar o acesso à cultura no Brasil inteiro.

As condições de trabalho nos bancos estão piorando ao longo dos anos?
Eu diria que continuam sendo muito difíceis. Elas mudam a forma: antes era atividade repetitiva, hoje está na pressão excessiva, na cobrança por metas abusivas. A gente tem um grupo de trabalho que foi constituído nessa última campanha, uma grande conquista da categoria. O grupo vai se reunir para discutir as causas do adoecimento e vai chegar ao problema das metas e da cobrança excessiva, da sobrecarga de trabalho. Nós esperamos que até a campanha de 2014 seja construída uma proposta que realmente ajude a melhorar as condições de trabalho no sistema financeiro.

Você ingressou muito jovem no movimento sindical. Como vê a questão da formação de novos dirigentes?
Eu acho imprescindível. Essa próxima gestão terá 25% de renovação, e a grande maioria desses dirigentes novos passou por cursos de formação sindical. A gente tem que formar militantes, formar a base. O Sindicato investe bastante nisso, tanto que a gente está tentando criar uma faculdade que tenha excelência de ensino e que tenha também uma visão de mundo e de sociedade que olhe o todo, não só uma parte.

Essa segunda gestão deve ser sua última como presidenta. Quais os planos para o futuro?
O Sindicato não é de uma pessoa, não é de uma diretoria, é da categoria. Somos um dos sindicatos mais atuantes não só da América Latina mas do mundo porque temos essa noção clara de classe. Isso nos ajuda a fortalecer o todo. Temos espirito de equipe. A renovação é importante porque nós estamos formando outras pessoas que vão assumir, e tem muita gente preparada para assumir.

O Sindicato investiu muito na minha formação, portanto, onde eu puder contribuir para categoria, para os trabalhadores, eu vou contribuir. Mas não há nada certo. A única coisa certa é que vou continuar na luta. Onde quer que eu esteja estarei lutando e defendendo os interesses da sociedade e dos trabalhadores.

Você considera que ser mulher atrapalhou, ajudou ou não fez diferença na sua trajetória até agora?
Eu acho que ser mulher nesse caso foi muito importante. Veja, eu fui a primeira mulher a assumir a presidência e eu acho que mostrei, nesse período, com reconhecimento da categoria, que é possível as mulheres serem presidentas de sindicatos. Aqui em São Paulo somos 52%, na categoria também somos 52% e somos 60% dos associados. Portanto, até demorou para que uma mulher assumisse a presidência. É importante porque é um olhar diferente. É fundamental que outras mulheres assumam outros sindicatos e ganhem espaço também nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As mulheres são 52% da população, estão no mercado de trabalho e podem assumir qualquer coisa, assim como os homens.


Andréa Ponte Souza e Cláudia Motta - 31/3/2014

seja socio