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Bancários não podem pagar por escândalos do HSBC

Linha fina
Trabalhadores estão preocupados com seus empregos e com reflexos das denúncias internacionais na saúde financeira da instituição britânica. Sindicato já solicitou reunião com a direção do banco
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São Paulo - O chamado SwissLeaks, que envolve o HSBC num dos maiores escândalos de sonegação fiscal e evasão de divisas, indica que 8.667 brasileiros mantinham cerca de US$ 7 bilhões em dinheiro suspeito no banco em Genebra, na Suíça, nos anos de 2006 e 2007.  Uma situação que está incomodando e preocupando muito os bancários, seja pela “vergonha” que relatam sentir, seja em relação aos seus empregos e saúde financeira da instituição.

O Sindicato e a Contraf/CUT já solicitaram reunião com a direção do banco no Brasil. “Os bancários recebem ordens de superiores e não podem ser penalizados pela situação lamentável em que o HSBC se colocou com esse tipo de atuação”, alerta a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, que defende a punição tanto dos sonegadores quanto daqueles que facilitaram a remessa ilegal.

“Tem de averiguar e checar a origem desse dinheiro. Se houver ilícito, punir todos os responsáveis e recuperar o dinheiro para o país”, reforça a dirigente, lembrando uma pauta que o movimento sindical bancário mantém há anos: o fim dos paraísos fiscais. “Somente com leis mais rígidas e o fim desses paraísos que servem primordialmente a quem lava dinheiro ou sonega impostos em seus países é que essa situação pode mudar. Mas os grandes bilionários, que mantêm fortunas fora, vão se rebelar. Há informações de que 27% da renda mundial está na Suíça, somente um dos quase dez paraísos fiscais existentes no mundo.”

> Leia editorial na página 2 da Folha Bancária 5.848

Orientação – É importante ressaltar que nem sempre ter conta no exterior é indício de irregularidade, mas ela precisa estar declarada à Receita Federal e ter a remessa intermediada por uma instituição credenciada pelo Banco Central para esse fim. Por isso, o Sindicato orienta os trabalhadores a seguirem à risca as orientações da lei. Se observarem parâmetros e situações que fujam à legislação sobre lavagem de dinheiro (por exemplo, limites de valores transacionados), devem denunciar a operação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ). Se houver alguma forma de coação por parte do banco, procurar o Sindicato, seja pessoalmente, por intermédio de um dirigente sindical ou pelo canal de combate ao assédio moral (clique aqui).

Swissleaks - Segundo análise do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), em parceria com o jornal francês Le Monde, o maior vazamento de informações bancárias da história, ocorrido no private bank do HSBC em Genebra, na Suíça, abrange cerca de US$ 120 bilhões em depósitos totais de cerca de 106 mil clientes de 203 países.

Todos os dados do SwissLeaks referem-se aos anos de 2006 e 2007 e parecem conter, em sua maioria, dinheiro de sonegação e evasão de divisas, já que as contas são identificadas por um código alfanumérico e muitas vezes relacionadas a empresas em paraíso fiscal. O vazamento foi feito por um ex-funcionário do HSBC, Hervé Falciani, em 2008, mas até este ano a imensa maioria dos dados era mantida em segredo. Os fiscos de países como França, Bélgica e Espanha tiveram acesso às informações vazadas e conseguiram recuperar, entre 2010 e 2014, US$ 1,36 bilhão em impostos e multas.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deve ser instalada no Senado brasileiro, nos próximos dias, para apurar o caso. E o Ministério da Justiça determinou à Polícia Federal que participe das investigações.


Cláudia Motta - 3/3/2015
 

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