São Paulo - "Sou separada e sempre trabalhei. Hoje, graças a deus, meus dois filhos estão na escola e conto com a ajuda da minha mãe. Quando chego do trabalho não tem essa de cansaço. O trabalho não termina quando saio da loja”. O depoimento de Elisangela Oliveira, vendedora de 31 anos, ilustra a realidade de milhões de brasileiras.
A dupla jornada é uma das razões pelas quais no 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, trabalhadoras foram às ruas para - além de defender bandeiras históricas como o fim da violência contra mulher, igualdade salarial e a descriminalização do aborto - lutar contra a reforma da Previdência (PEC 287), que eleva a idade mínima para aposentadoria das mulheres de 55 para 65 anos, igualando-a com a dos homens.
Se aprovada, a PEC 287 também fará com que todos, homens e mulheres, tenham de contribuir por 49 anos com o INSS para ter direito ao benefício integral.
“A reforma é excludente. Vai aumentar a miséria das mulheres. Quando mulheres dependem financeiramente dos homens, estão mais sujeitas a violência. A reforma coloca trabalhadoras para se aposentar aos 65 anos e contribuir por 49. Sendo que ficam mais tempo desempregadas e deixam o mercado de trabalho para cuidar dos filhos, pais e idosos. Igualar idade não é igualdade. É tratar desiguais como iguais”, enfatizou a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, durante assembleia das trabalhadoras da CUT realizada no 8 de março, em frente ao prédio do INSS, na capital paulista.
Ato unificado – Após a assembleia, as trabalhadoras marcharam até a Praça da Sé, onde se reuniram com movimentos sociais em grande ato unificado com o mote “Aposentadoria fica, Temer sai. Paramos pela vida das mulheres”.
Da Praça da Sé, sindicalistas, feministas e movimentos sociais caminharam em direção da Avenida Paulista para se encontrarem com professores das redes municipal e estadual de ensino que, em assembleia, aderiram à greve nacional convocada pela CNTE (Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação) para o dia 15, quando diversas categorias se unem em dia nacional de paralisações e protestos contra a reforma da Previdência e por nenhum direito a menos.
“O momento é de união de todos, trabalhadores e trabalhadoras, contra os ataques deste governo. Temos de continuar nas ruas por nenhum direito a menos”, conclama a secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva.