São Paulo – A retomada da mesa de negociação permanente entre os representantes dos empregados e da Caixa Federal foi marcada por intenso debate em torno das condições de trabalho nas agências e concentrações. A reunião ocorreu quarta-feira 16, em Brasília.
No encontro, os dirigentes sindicais criticaram medida da Caixa de impor aos empregados a meta de aumentar de 50% para 60% a compensação das horas extras independentemente do número de bancários lotados na unidade. “Deixamos claro que as horas extras são reflexo da gestão da empresa: pouco pessoal para demanda crescente. E que os bancários não podem ser responsabilizados por isso”, afirma o integrante da Comissão Executiva dos Empregados Dionísio Reis.
Segundo o dirigente, essa medida aumentará ainda mais a pressão sobre os bancários principalmente das agências. “Para cumprir essa determinação muitos empregados, além da cobrança maior para atingir resultados, terão de diminuir o atendimento à população e estarão sujeitos à pressão para burlar o sistema de ponto eletrônico. Práticas que combatemos diariamente”, afirma Dionísio. “Deixamos claro também que essa medida poderia provocar o desrespeito ao acordo de que os locais com até 15 bancários têm direito ao pagamento da totalidade das horas extras. Além disso, também cobramos o pagamento integral aos tesoureiros.”
A Caixa manteve-se irredutível quanto à ampliação do percentual a ser compensado e afirmou que a orientação será mantida. No entanto, comprometeu-se em estudar a situação dos tesoureiros e das agências com menos de 15 empregados.
Grupos de trabalho – Os dirigentes sindicais interromperam definitivamente os debate do Grupo de Trabalho que discute o PSI (Processo Seletivo Interno). O rompimento é decorrente dos sucessivos desrespeitos da Caixa ao emitir diversos comunicados alterando esse processo sem sequer consultar os empregados.
Por outro lado, os integrantes da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) reivindicam a continuidade do fórum paritário sobre condições de trabalho que, pelo acordo aditivo, deveria ser encerrado em 31 de março. Como os debates foram suspensos por quase dois meses, ficou acordado que haverá mais dois encontros para aprofundar os discussões a partir das informações que a Caixa forneceu aos representantes dos trabalhadores na reunião do dia 15.
> Fórum paritário da Caixa está de volta
Feirões – Os dirigentes sindicais questionaram o procedimento da Caixa de notificar apenas alguns sindicatos da convocação de empregados para trabalhar nos chamados “feirões” realizados aos sábados e de como é feito o pagamento de horas extras. Os negociadores pelo banco informaram que os empregados que têm direito ao registro de ponto recebem horas extras e os gestores que não assinalam têm direito à compensação. “Somos contra o trabalho aos sábados, mas quando isso ocorre excepcionalmente todos os empregados têm de ser pagos corretamente”, afirma Dionísio.
Segurança – Questionada sobre a abertura de agências sem o funcionamento adequado da porta de segurança, o negociador pelo banco afirmou que as unidades só podem abrir com esse dispositivo acionado e em perfeito estado.
Terceirização – Os empregados cobraram que a empresa retirasse o RH 037 que permite a contratação de “bancários temporários”, considerados pelos dirigentes como uma brecha para o retorno da terceirização no banco. O negociador da Caixa afirmou que o normativo era apenas burocrático, mas que encaminharia a reivindicação dos trabalhadores.
Reestruturação – Os bancários cobraram informações sobre o processo de reestruturação que deve atingir alguns locais e que tem causado grande apreensão entre os empregados. O representante da Caixa afirmou não ter informações sobre esse tema e ficou de averiguar e dar retorno aos dirigentes.
Jair Rosa – 17/4/2014
