São Paulo – Por 422 votos a 275, os sócios da Associação Brasil (AB) desautorizaram a venda de bens da entidade, em assembleia geral extraordinária no sábado 20, em Curitiba (PR). A maioria decidiu que antes de qualquer venda, é necessário que a diretoria forneça uma série de informações aos associados. “A união dos sócios impediu que ocorressem vendas sem critérios claros. Temos de continuar mobilizados para cobrar transparência da atual gestão”, destaca o dirigente sindical e sócio da AB Sérgio Siqueira.
A AB é a associação recreativa de ex-funcionários dos extintos Bamerindus e HSBC. Possui mais de 20 clubes por todo o país e um patrimônio estimado em cerca de R$ 800 milhões. Tanto o Bamerindus quanto o HSBC contribuíam com valores mensais para a entidade, mas o Bradesco, que comprou o HSBC em 2016, não quis mais continuar com os aportes.
Segundo Sérgio, algumas das informações que precisam ser prestadas aos sócios antes de qualquer venda são: o valor total do patrimônio da AB e o valor de cada clube; os clubes que seriam vendidos e como ficariam seus funcionários; como seria empregado o montante arrecadado com a venda; a viabilidade de cada clube considerando a integração de novos associados a partir da chegada dos empregados do Bradesco; as reformas estatutárias necessárias para atender à nova realidade da AB; os valores arrecadados com os sócios aposentados, os da ativa (ex-HSBC, agora bancários do Bradesco) e os convidados; e se cabe medida judicial para que o Bradesco mantenha o valor antes transferido pelo HSBC.
“A maioria entendeu que enquanto não tivermos essas informações básicas e um planejamento mínimo, não devemos nos desfazer do nosso patrimônio”, diz o dirigente.
Diante da derrota na tentativa de venda, o atual presidente, Oswaldo Patrão, se retirou da assembleia, impedindo assim que os sócios aprovassem medidas para garantir transparência e segurança em qualquer alienação de bens. Mesmo assim, a maioria dos presentes se reuniu e aprovou propostas como a criação de uma comissão para contribuir com o atual conselho de administração na elaboração de um projeto para o sustento e o futuro da AB. Uma vez formulado, esse projeto teria de ser aprovado pelos demais associados, garantindo democracia e clareza às medidas tomadas pela diretoria.
“Não basta apenas vender alguns clubes ociosos. O que vai garantir a sustentação da AB será a entrada de novos sócios, mas por um valor justo de mensalidade”, opina Sérgio Siqueira. Ele informa que parte da diretoria quer cobrar de novos sócios mais que o dobro do que pagam os atuais associados. “Achamos que o valor pode chegar a até R$ 50, mas eles querem cobrar R$ 103, e dessa forma ninguém se interessa.”
O dirigente defende ainda que a entidade invista em novos atrativos para os clubes. “A construção de chalés e a contratação de equipes de recreação, por exemplo. E a modernização de alguns clubes que hoje se encontram em quase estado de abandono, propiciando assim que todos os sócios, independentemente da cidade em que moram, possam usufruir de uma boa área de lazer. Ou seja, é preciso conquistar novos sócios e tornar a AB mais atrativa. A AB é nossa e não podemos deixar que esse patrimônio se acabe”, ressalta.