São Paulo – O Sindicato conclama os sócios da Associação Brasil (AB), em São Paulo, Osasco e região, a assinarem procurações autorizando a entidade a representá-los na assembleia convocada pelo novo presidente, Oswaldo Patrão, para o dia 22 de abril, às 8h, em Curitiba. A pauta é a autorização para alienação patrimonial da AB – que é a associação recreativa de ex-funcionários dos extintos Bamerindus e HSBC –, com mais de 20 clubes pelo país e um patrimônio estimado em quase R$ 1 bilhão.
“A ideia da assembleia é vender imóveis da associação para quitar dívidas. Mas que dívida é essa? Nem os representantes do movimento sindical que fazem parte da diretoria da associação foram informados sobre essa dívida”, denuncia o diretor do Sindicato e associado da AB, Luciano Ramos.
“A AB está ameaçada e o patrimônio de seus associados também. Por isso é fundamental que os sócios assinem as procurações. Elas têm a finalidade exclusiva de autorizar que sejam representados pelos dirigentes sindicais nessa assembleia. Não podemos permitir os desmandos da nova presidência e exigimos transparência na gestão. A AB não é de uma pessoa, ela é de todos os sócios”, reforça o dirigente.
Luciano destaca ainda que, além de ser na capital do Paraná, a assembleia foi marcada para cedo da manhã de um sábado de feriado prolongado. “Dificilmente os associados de São Paulo, Osasco e região e das bases de outros sindicatos de bancários conseguirão ir a Curitiba. Então vários sindicatos estão se mobilizando para mandar seus dirigentes e para que eles levem o maior número de procurações possível.”
As procurações podem ser assinadas nas regionais e na sede do Sindicato, ou com qualquer representante da entidade (funcionário ou dirigente).
Segunda tentativa – Luciano Ramos lembra que a atual presidência da entidade já tentou vender um imóvel, uma sede administrativa em Curitiba que estaria ociosa. Mas os representantes dos trabalhadores conseguiram aprovar, em assembleia, dois requisitos para a alienação do bem: que todo o dinheiro da venda fosse aplicado em melhorias dos clubes e que o imóvel não fosse negociado por menos que 80% do valor do mercado. Sem explicações, a venda, que segundo a presidência já estava encaminhada, não foi realizada.
“O prédio poderia ser vendido, desde que fossem respeitados os critérios aprovados em assembleia, mas misteriosamente desistiu-se, sendo que a presidência dizia já ter comprador. Agora estão tentando de novo. Não vamos permitir desmandos, tudo tem de ser feito com a participação dos associados e com clareza”, reforça Luciano.
Entenda – A AB é uma associação recreativa criada em 1955 por funcionários e pela diretoria do extinto Bamerindus. Na época, a entidade (então Associação Bamerindus) era mantida por mensalidades dos sócios e aportes do banco. Quando o HSBC comprou o Bamerindus, em 1997, o banco britânico resolveu continuar fazendo parte da associação, renomeada como Associação Brasil, e manteve os aportes, embora menores. A diretoria da AB era então formada por 16 diretores: oito indicados pelo banco, quatro pelo movimento sindical e quatro por uma associação de aposentados do Bamerindus.
A situação mudou com a compra do Bradesco pelo HSBC, em julho de 2016. O Bradesco não quis assumir a associação e exonerou os oito diretores que representavam o HSBC, sendo que um deles ocupava a presidência. A vice-presidência era ocupada por Oswaldo Patrão, representante dos aposentados. Patrão reivindicou, como vice, a presidência da AB e está no cargo desde então.
Luciano conta ainda que, com a negativa do Bradesco de participar da associação, e a consequente interrupção dos aportes pela instituição financeira, os representantes dos trabalhadores sugeriram que a AB abrisse a sociedade para a inscrição de bancários do Bradesco, mas a atual presidência resiste à ideia. “Era uma forma de ampliar o número de associados e de sustentar a entidade, mas a presidência não aceita e ainda acusa o movimento sindical de atrapalhar a saúde financeira da associação”, critica.