O Comando Nacional dos Bancários avaliou como positiva a disposição dos bancos em debater os principais pontos de adoecimento da categoria. O compromisso foi firmado na mesa temática de Saúde do Trabalhador, realizada nesta terça-feira 9, em São Paulo, entre o Comando, o Coletivo Nacional de Saúde e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
O movimento sindical iniciou a reunião com uma explanação sobre as más condições de trabalho nos bancos, que mostram a real necessidade de ações preventivas. “Se há um lugar para avançar, com certeza esta mesa é o ideal. Temos de aproveitar este espaço para pensar em ações efetivas que possam interferir no dia a dia dos bancários e impedir que eles cheguem à situação extrema”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional.
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Os bancários reivindicam acesso aos dados de afastamento, para poder pensar medidas preventivas em conjunto com os bancos, que reconheceram a importância da mesa temática de saúde na construção de avanços para a categoria e se colocaram à disposição para avançar no tema.
Bancos tem falhado
Para o secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Carlos Damarindo, que também participou da mesa, os bancos têm falhado em proporcionar condições salubres de trabalho para a categoria. O dirigente sindical diz que não há gestão conjunta entre a área médica e a gestão, e que isso faz com que doenças psicossomáticas, como a Síndrome de Burnout, sejam crescentes na categoria.
Ele exemplifica citando o caso das agências digitais, onde o número de bancários que se afastam buscando atendimento médico tem aumentado consideravelmente, já que os trabalhadores precisam usar diversas ferramentas simultâneas para atender os clientes, com jornada de trabalho de 8 horas, contrariando a NR-17.
Bancários descartáveis
“É inadmissível que bancários que se dedicam ao seu trabalho e ocasionalmente adoeçam sejam tratados como se fossem descartáveis”, critica, enfatizando que as causas de adoecimento tem raiz nas metas abusivas e na falta de diálogo das gestões com os trabalhadores. “Não é possível que bancários que precisam fazer acompanhamento ou tratamento médico tenham de se esconder da gestão por terem medo do assedio moral e de demissão.”
Damarindo diz que os relatos aos quais o Sindicato têm acesso dão conta de casos extremos, como médicos do trabalho que sugerem que o trabalhador se demita, ao invés de diagnosticar as causas da doença laboral.
“A responsabilidade pelo adoecimento é da ganância da gestão dos bancos, deixando as condições de trabalho dignas para os trabalhadores em segundo plano. Não dá mais para mascarar este problema”, finaliza o dirigente sindical.