O Bradesco lucrou R$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 39,8%, em relação ao mesmo período do ano passado e de 43,5% comparado ao 4º trimestre de 2019. Mesmo com um lucro abaixo do esperado pelo banco, o desempenho superou, em meio à crise, diversos outros setores da economia brasileira que têm registrado nos últimos anos resultados negativos. Entre março de 2019 e o mesmo mês deste ano, o Bradesco extinguiu 1.922 postos de trabalho e fechou 194 agências. Com isso, chegou ao final do primeiro trimestre deste ano com 97.234 empregados.
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A secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, lembra que neste momento de crise econômica e sanitária em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o movimento sindical conquistou uma importante vitória para os trabalhadores do Bradesco e ainda dos outros dois maiores bancos privados do país, Itaú e Santander. As três instituições financeiras se comprometerem, em mesa de negociação, a não demitir os trabalhadores durante a pandemia.
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"Mesmo com uma redução das expectativas, ainda é um lucro impressionante, se comparado a outros setores da economia brasileira. Nas discussões do Comitê de Crise relativo ao combate da pandemia do novo coronavírus, Sindicato e banqueiros concordaram que a atividade bancária é importante e tem de atender a população nas atividades essenciais. Isto posto, o Bradesco deve cumprir sua responsabilidade social, que é de gerar empregos para a economia voltar a crescer, e manter agências abertas em vários locais do país para atender melhor a clientela neste momento tão delicado”, ressalta a dirigente.
“Em época de superlotação das agências da Caixa em razão do auxílio emergencial, culpa do governo que não consegue passar as informações à população que está em extrema necessidade financeira, vamos precisar dos bancos privados para o atendimento, com postos de trabalho e agências abertas, e não fechadas”, acrescenta a secretária-geral do Sindicato.
Outros dados
Mesmo com um lucro abaixo do esperado, a receita com prestação de serviços e tarifas bancárias do Bradesco cresceu 4,9% em doze meses, totalizando R$ 6,7 bilhões em março, o que cobre 133,4% de suas despesas de pessoal, incluindo a PLR.
Já o retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) ficou em 11,7%, uma redução de 8,8 pontos percentuais em doze meses. De acordo com o relatório do banco, as quedas estão relacionadas, principalmente, às maiores despesas com PDD (devedores duvidosos, que subiram 17%, totalizando R$ 7,3 bilhões), que foram impactadas, no primeiro trimestre de 2020, pelo reforço de provisão de R$ 2,7 bilhões, em consequência do cenário econômico adverso (de isolamento social em função da pandemia do COVID-19).
Isto, segundo o Bradesco, poderá resultar no aumento do nível de inadimplência, reflexo da falência de empresas, bem como a degradação do valor das garantias. Este efeito, todavia, foi compensado pelo crescimento da margem financeira com clientes, redução das despesas operacionais no período e crescimento nas receitas de prestação de serviços.
A Carteira de Crédito Expandida do Bradesco teve alta de 17,0% em doze meses e 5,1% no trimestre, atingindo R$ 655,1 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 19,5% entre março de 2019 e o mesmo mês deste ano, chegando a R$ 239,2 bilhões. Os destaques para PF foram o crédito Pessoal (aumento de 36,7%), o crédito consignado (elevação de 22,1%) e o financiamento imobiliário (aumento de 16,1%).
Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 415,9 bilhões, com crescimento de 15,6% em doze meses. O segmento de grandes empresas teve alta de 14,8%, enquanto a carteira de Micro, Pequenas e Médias Empresas, cresceu 17,8%. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias cresceu 0,4 ponto percentual em doze meses e ficou em 3,7%.