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Chapéu
Banco de horas

Que vergonha, Santander! Banco adota MP 927

Linha fina
Com adoção de banco de horas previsto pela medida provisória do governo Bolsonaro, bancários poderão voltar da quarentena forçada pela pandemia do coronavírus devendo horas para o banco
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Sob a justificativa de enfrentar a crise causada pela pandemia do coronavírus, a MP 927, publicada pelo governo Bolsonaro em 22 de março, altera uma série de direitos dos trabalhadores e, assim, beneficia os empregadores. O Santander saiu na frente das demais instituições financeiras e anunciou que irá adotar um dos pontos da Medida Provisória: o banco de horas.

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A MP 927 estabelece que empresas possam estabelecer acordo de banco de horas diretamente com os empregados, sem a necessidade de participação dos sindicatos, para que o empregado possa compensar futuramente eventuais horas de inatividade devido à pandemia. O banco de horas devido pelo trabalhador poderá ser compensado em até 18 meses após o término da crise, e com duas horas extras por dia, limitado a uma jornada de dez horas.

“É um absurdo que o Santander faça uso dessa MP. Uma vergonha que o setor financeiro, o mais lucrativo do país, se aproveite desse momento de crise sanitária no mundo e adote uma medida que fará com que os bancários saiam desse momento caótico devendo horas de trabalho ao banco. Uma vergonha, Santander!”, critica a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Santander Maria Rosani.

A dirigente destaca que algumas medidas para sobreviver à crise deveriam ser adotadas apenas por pequenas e médias empresas, mas nunca por bancos que lucram bilhões todos os anos. “O Santander teve lucro de R$ 14,5 bilhões em 2019, um crescimento de 17,4% sobre o resultado de 2018. É muito mesquinho que uma empresa do porte do Santander se utilize da MP 927 para cobrar horas de trabalho dos bancários que, neste momento de grande sofrimento e medo, precisam ficar em casa para proteger suas vidas, de suas famílias e de toda a sociedade, uma vez que o isolamento social é único modo de conter o rápido crescimento do contágio pelo coronavírus.”

Maria Rosani ressalta ainda que a MP 927 coloca o ônus da crise apenas nas costas do trabalhador, e que por isso as centrais sindicais, junto com parlamentares, apresentaram dezenas de emendas à MP que visam impedir os prejuízos aos trabalhadores. “Seguiremos fazendo pressão para que o governo recue e para que o banco negocie uma forma menos onerosa para os trabalhadores. É preciso que o banco negocie com os sindicatos: #NegociaSantander”, reivindica.

Ajuda aos bancos e prejuízo aos trabalhadores

Maria Rosani destaca que favorecer bancos e o empresariado e prejudicar os trabalhadores é o modus operandi deste governo. Ele lembra que o Banco Central anunciou, na segunda-feira 23, a liberação de mais R$ 650 bilhões aos bancos. Segundo reportagem do G1, se forem somadas a essa as medidas já adotadas e as em estudo, o total injetado no mercado financeiro poderia chegar a R$ 1,216 trilhão.

“A situação no país e no mundo é caótica, não há previsibilidade de quando vai se normalizar, e o governo atende aos empregadores e menospreza os trabalhadores. O Santander, por outro lado, é o primeiro banco a implementar a MP. Como tem sido recorrente no seu perfil, faz de maneira unilateral o que lhe convém, negligenciando a situação crítica do país e dos trabalhadores. O setor financeiro nunca perde, e o governo ainda estuda liberar R$ 1.2 trilhão para ‘salvar’ os bancos. E mesmo num país com lucro altíssimo, mesmo com o pacote de vantagens do governo para os bancos, mesmo num momento terrível para o mundo, o Santander não mede consequências para implementar os seus interesses”, denuncia.

Ela lembra que, há poucos dias, o Santander deu outro exemplo de sua postura egoísta e autoritária, ao mudar unilateralmente as regras para pessoas no grupo de risco, causando insegurança aos trabalhadores. Saiba mais aqui. 

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