Os bancários da Central de Relacionamento do Banco Brasil (CRBB) estão enfrentando diversos problemas relacionados com a insuficiência do quadro de funcionários, sobrecarga de trabalho e cobrança abusiva por metas. Diante deste cenário, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região cobra do banco melhores condições de trabalho, recomposição do quadro, valorização do papel do BB enquanto banco público, além da implementação do acordo de teletrabalho na CRBB.
Foco na oferta e vendas de produtos
Desde a alteração do nome de Central de Atendimento para Central de Relacionamento, aprofundou-se a mudança de foco na CRBB para a oferta e venda de produtos. Porém, é papel da CRBB atender clientes não encarteirados do banco, normalmente com menor poder aquisitivo, muitas vezes incapazes de adquirir produtos e serviços que devem ser ofertados obrigatoriamente pelos atendentes. Ou seja, um público que não condiz com o foco imposto pela Diretoria de Varejo (DIVAR) nas centrais.
“Por conta da pressão excessiva por metas, agravada pelo quadro insuficiente da CRBB, os atendentes ficam obrigados a focar em outros canais para fechar negócios, como o chat, em detrimento do devido atendimento à população, que deveria ser fundamental para um banco público como o BB. Tal situação fez, inclusive, com que a gestão adotasse mudanças para pontuar o resultado de vendas dos atendentes que tenham uma quantidade mínima de ligações atendidas”
Antônio Netto, dirigente do Sindicato e bancário do Banco do Brasil
“Como concessões públicas, todos os bancos devem atender dignamente toda população, inclusive por canais remotos. No caso de um banco público como o BB isso é ainda mais importante. Compreendemos que as mudanças são inevitáveis com os avanços tecnológicos que estamos vivendo no sistema bancário, mas é inadmissível deixarmos uma parte expressiva da população brasileira com atendimento reduzido e precarizado. Por isso, defender o BB público é defender o fortalecimento e a ampliação da CRBB com quadro próprio! Tanto no caso dos bancos privados, a exemplo do Itaú, banco no qual o Sindicato luta contra a terceirização da central de atendimento, como no caso de um banco público, como o BB, onde lutamos pela valorização da CRBB, o objetivo é ter condições adequadas de atender todo o conjunto da população” acrescenta o dirigente.
Só na CRBB São Paulo, o quadro de funcionários está defasado em 70 vagas.
Imobilidade na carreira
Outro prejuízo acarretado pela falta de funcionários na CRBB é a impossibilidade de que os bancários que desejem mudar para outras áreas consigam a transferência. “Estes trabalhadores ficam presos, uma vez que, com a defasagem no quadro da CRBB, não é possível autorizar a transferência de nenhum funcionário”, explica Antônio.
Acordo de teletrabalho
Na avaliação do Sindicato, uma das possíveis medidas para melhorar as condições de trabalho na CRBB seria a implementação do acordo de teletrabalho, já assinado, o que seria um atrativo para que bancários de outras áreas migrem para a Central.
“Implementar o acordo de teletrabalho seria benéfico em todos os sentidos. Além de atrair bancários de outras áreas, o teletrabalho na CRBB durante a pandemia teve um resultado extremamente positivo, inclusivo do ponto de vista financeiro”, lembra Getúlio Maciel, representante da Federação dos Bancários no Estado de São Paulo (Fetec-SP) na CEBB (Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil).
Mobilização
Diante do atual cenário nas Centrais de Relacionamento do BB em todo o Brasil, o movimento sindical prepara para breve uma grande mobilização nacional.
“Em 2019, já cobrávamos do banco mudanças nas centrais e a valorização dos atendentes da CRBB. Entretanto, o banco não trouxe até hoje nenhuma resposta positiva neste sentido. Com esta ausência de solução para os problemas enfrentados, temos de organizar e mobilizar a luta dos trabalhadores das centrais. Juntos somos mais fortes”, conclui Getúlio.