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Chapéu
Santander

Trabalho aos sábados desrespeita legislação e CCT

Linha fina
Santander abriu unidades no primeiro sábado do mês para ‘educação financeira’, mas esqueceu de dizer aos clientes que muitos deles estão endividados em razão de seus altos juros e tarifas; Sindicato protestou
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Arte: Freepik

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região esteve presente em cinco unidades do Santander que estiveram abertas no último sábado 4 para uma aula de educação financeira. O banco havia “convidado” os bancários a se voluntariar para conduzir os trabalhos no sábado. Em outras palavras: foram chamados a trabalhar de graça em um dia que deveria ser de descanso.

Dirigentes sindicais conversaram com bancários durante protesto

“O banco usa do tempo do próprio trabalhador para fazer marketing com essa história de educação financeira. Só que é difícil falar em ‘educação financeira’ sem rediscutir taxas de juros, tarifas e a pressão que os funcionários sofrem para vender produtos que muitas vezes nem são os mais adequados ao perfil financeiro daquele cliente, mas que dará lucro para o banco e seus acionistas”, criticou a dirigente sindical Lucimara Malaquias, funcionária do Santander.

Lucimara ressalta que a tal aula de educação financeira, assim como todo e qualquer trabalho bancário, deveria ser aplicada durante o horário de expediente, não no momento que deveria ser de descanso, respeitando a jornada, a CCT da categoria e a própria legislação trabalhista - o artigo 224 da CLT é claro ao excetuar o sábado da jornada de trabalho bancário. 

“Se o Santander quer oferecer aulas de educação financeira, que o faça sem pedir para o bancário trabalhar de graça. O banco, no mínimo, tem de apresentar uma contrapartida nesse caso”, defendeu.

Protesto

O sábado 4 foi o primeiro em que agências estiveram abertas para o projeto do Santander. Segundo o banco, está prevista a abertura de 29 agências em todo o país, todos os sábados dos meses de maio e junho, das 9h às 12h, com palestra e atendimento individual de clientes e não clientes. O Sindicato, então, esteve presente nas unidades de sua base incluídas na lista para dialogar com os bancários, clientes, comerciantes da localidade e demais trabalhadores. Os dirigentes que participaram da atividade, entretanto, garantem que houve um número muito baixo de interessados em aprender educação financeira com o banco.

“Vários comerciantes e moradores pegaram o material produzido pelo Sindicato e declararam apoio à atividade, dizendo que não aguentam mais pagar taxas tão altas no banco”, conta Marcelo Gonçalves, diretor executivo do Sindicato. “Insistimos que educação financeira tem de passar pela redução das tarifas e dos juros, de modo a girar a economia e fazer o país crescer com geração de emprego, inclusive no setor bancário. O banco pode fazer educação financeira, inclusive deve, mas não desta forma, e sim no ato da contratação do produto. Outra opção é fazer parcerias com entidades ligadas à defesa do consumidor, como o Idec”, completou.

O que é trabalho voluntário?

A Lei 9.608/1998 define o trabalho voluntário como “a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.” 

“Trabalho voluntário é quando a pessoa pode escolher, e não quando é obrigada a fazer na empresa para qual trabalha. Estamos falando de uma empresa que lucra bilhões”, destaca a presidenta do Sindicato, Ivone Silva. 

O Sindicato orienta que a categoria fique alerta pois o que hoje é tratado como “voluntário” no Santander pode se tornar obrigatório – inclusive com cobrança de metas. Os trabalhadores que se sentirem pressionados a trabalhar aos sábados devem denunciar ao Sindicato – através dos dirigentes, na Central de Atendimento (11 3188-5200) ou WhatsApp  (11 97593-7749) – informando nome, agência e regional. O sigilo é garantido.

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