O setor bancário eliminou postos de trabalho pelo sexto mês consecutivo. Foram extintas 1.474 vagas em março, maior número desde novembro de 2020, quando foram encerradas pouco mais de duas mil vagas – período agravado pela pandemia do covid-19.
No primeiro trimestre de 2023, os bancos eliminaram 2.662 vagas na categoria. No mesmo período do ano passado, foram abertas 3.160 vagas.
Os dados são de levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Ao examinar o recorte por município, as cidades onde estão localizadas as matrizes dos bancos e centros administrativos, houve maior extinção de vagas, tanto para o mês de março quanto para o primeiro trimestre.
Em Osasco (SP), sede do Bradesco, ocorreu o maior saldo negativo no primeiro trimestre, com a eliminação de 400 postos de trabalho. O último demonstrativo financeiro do banco sediado no município apresentou fechamento de mais de dois mil postos de trabalho entre dezembro de 2022 e março de 2023.
O segundo município com maior saldo negativo foi São Paulo, onde estão alocadas várias matrizes de bancos. Em março foram fechadas 356 vagas, resultado de 1.286 admissões contra 1.642 desligamentos.
O Caged aponta que a eliminação de postos de trabalho ocorreu em mais de 1,5 mil cidades do país.
Cabe ressaltar, ainda, que entre dezembro de 2022 e março de 2023, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), conforme seus demonstrativos financeiros, fecharam 79 agências físicas o que supõe implicações desfavoráveis ao nível de emprego.
Faixa etária e sexo
No recorte de gênero, o saldo foi negativo tanto entre homens quanto entre mulheres. No entanto, o número de admissões entre os homens foi 11,7% superior em relação ao de mulheres. Enquanto os desligamentos foi 6,1% superior entre os homens em relação às mulheres.
Em relação à faixa etária, foi observado saldo positivo apenas nas faixas até 24 anos, com ampliação de 269 vagas. Para as demais faixas, a partir de 25 anos, o fechamento foi de 1.743 vagas.
“Os números do Caged revelam o aprofundamento da precarização do mercado de trabalho bancário e dos seus serviços, com a eliminação de vagas e fechamento de agências, redução de salário e menos mulheres e pessoas com mais idade ocupando empregos nos bancos. Esta realidade aumenta a sobrecarga de trabalho e os adoecimentos, e resulta na piora do atendimento à população”, critica Lucimara Malaquias, Secretária de Estudos Sócio-Econômicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Redução da remuneração média
A remuneração média também sofreu redução. O salário médio do bancário admitido em março foi de R$ 6.728,48, enquanto o valor médio do grupo de desligados foi de R$ 8.063,40. Logo, o salário médio do admitido correspondeu a 83,44% do desligado.
“Mesmo apresentando lucratividade bilionária há anos, os bancos seguem precarizando o emprego, porque quando contratam, o fazem com salários reduzidos, contribuindo com a desigualdade social por meio da concentração cada vez maior dos lucros nas mãos de poucos acionistas e diretores executivos”, acrescenta a dirigente.
Comportamento do emprego no Ramo Financeiro
No que se refere ao emprego no Ramo Financeiro, excluindo a categoria bancária, houve saldo positivo em março com a abertura de 925 postos de trabalho (68,5% inferior ao registrado no mesmo mês do ano anterior). Nos últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho, uma média de criação de 2,3 mil postos/mês.
Dentre as atividades financeiras, nota-se que as atividades que mais criaram postos de trabalho no mês de março foram: crédito cooperativo (+831 vagas); Holdings de instituições não-financeiras (+351 vagas); e outras sociedades de participação, exceto holdings (+92 vagas).
Importante ressaltar que as atividades mencionadas referem-se as CNAEs, Classificação Nacional de Atividades Econômicas, constantes no cadastro nacional das empresas na receita federal.
“O movimento sindical seguirá lutando para que o setor bancário cumpra com sua função constitucional de promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade, por meio do aumento dos postos de trabalho a fim de reduzir a sobrecarga de trabalho e fornecer um atendimento melhor à população, que sofre com juros extorsivos e tarifas abusivas, e com a piora do atendimento causado pelo fechamento de agências e pela redução dos postos de trabalho.”
Lucimara Malaquias, Secretária de Estudos Sócio-Econômicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região