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Santander tem condições de valorizar trabalhadores

Linha fina
Na segunda negociação do acordo aditivo, banco apresentou propostas positivas, mas ainda insuficientes
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São Paulo – Na segunda rodada de negociações entre entidades sindicais e a direção do Santander para a renovação do acordo aditivo à CCT, nesta terça-feira 12, os representantes da categoria reforçaram mais uma vez as principais reivindicações dos funcionários, apontadas em consulta respondida por cerca de 6 mil bancários. Entre elas a garantia de emprego, ampliação das bolsas de estudos para a 1ª e 2ª graduações e pós e manutenção do plano de saúde durante a aposentadoria nas mesmas condições dos trabalhadores da ativa.

Se na primeira reunião, ocorrida em 5 de maio, o banco se posicionou pela manutenção do aditivo e dos moldes atuais do Programa Próprio de Remuneração do Santander (PPRS), nesta segunda rodada, o Santander apresentou a intenção de incluir no acordo a cláusula de igualdade de oportunidades e de ampliar apenas o número de bolsas para primeira graduação, que pela proposta do banco passariam de 2.300 para 2.500. 

Para os dirigentes, as propostas são positivas, mas insuficientes. “Não basta acrescentar ao acordo a cláusula de igualdade de oportunidades, é preciso que o banco deixe claro quais são os instrumentos que garantem o cumprimento dessa cláusula”, destaca a diretora executiva do Sindicato e coordenadora da mesa de negociações, Rita Berlofa.

Rita reforça que o Santander deve ampliar também as bolsas de segunda graduação e pós. “É importante destacar que a ampliação do conhecimento e expertise dos bancários também resulta em ganhos para a empresa.”

Venda responsável – Durante a negociação, os dirigentes ressaltaram a necessidade de o banco estabelecer um acordo para a venda responsável de produtos. “Em pesquisa realizada pelo Sindicato, os bancários relataram que muitas vezes têm de passar por cima de seus princípios, pois se vêem obrigados a bater metas e oferecer produtos muitas vezes desnecessários aos clientes. O Santander alega que já pratica a venda responsável de produtos no país, mas se isso é de fato uma política do banco, então temos que estabelecê-la em acordo, tornando-a clara”, afirma Rita.

Ela lembra que o banco espanhol já firmou acordo nesse sentido em todos os países da Comunidade Europeia onde está presente. Ressalta ainda que o tema é objeto de campanha mundial da UNI Finanças, braço da UNI Sindicato Global. “Está mais do que na hora de o Santander adotar a venda responsável de produtos aqui também. É bom para os trabalhadores, para os clientes e para a imagem da empresa, que tem no Brasil 30% do seu ganho mundial.”

A dirigente acrescenta que, diante da crise, é no Brasil que o grupo espanhol encontra tranqüilidade e que, portanto, nada mais justo que o banco valorize os trabalhadores brasileiros. “Recentemente os executivos da empresa tiveram aumento de 22% em seus bônus, o que corresponde ao montante surpreendente de R$ 390 mil por mês para cada um deles. Falta que a instituição valorize os bancários, os responsáveis pelo bom desempenho das operações do grupo no país. E as propostas apresentadas até agora não são suficientes nesse sentido.”

Os sindicatos cobraram ainda redução dos juros e isenção das tarifas para os trabalhadores da ativa e aposentados. “Não é admissível que o banco queira ganhar em cima dos trabalhadores, que são os responsáveis por seu lucro”, critica Rita.

PPRS – Para as entidades sindicais é preciso mais clareza nas regras do PPRS. “Queremos fazer a discussão sobre os programas próprios de participação nos resultados aos olhos da legislação. O PPRS tem de ser discutido com clareza e transparência. Os bancários precisam entender suas regras”, destaca Rita.

Outras cláusulas – Para garantir tratamento isonômico a todos os funcionários do Santander Brasil, os trabalhadores também exigem que seja incluída no acordo, a folga ao funcionário no dia de seu aniversário, que alguns gestores já praticam. “É fundamental que isso faça parte do acordo, para que não seja política de clube de amigos, mas sim um direito de todos os funcionários”, diz Rita.

Outra reivindicação é que a distribuição de bônus referente a dois salários no mês em que o bancário completa 25 anos de casa, que já é uma prática do banco, também faça parte do aditivo.

A dirigente acrescenta que deve haver isonomia também entre os trabalhadores da Espanha e Brasil. “Além da venda responsável de produtos, que na Espanha já está estabelecida em acordo, queremos tratamento isonômico para os dirigentes sindicais brasileiros. Na Espanha, os sindicalistas têm direito à valorização salarial e crescimento na carreira. Por que no Brasil é diferente?”, questiona, e reforça: “O Santander Brasil tem todas as condições de valorizar seus trabalhadores”.

A próxima reunião de negociação  foi marcada para sexta-feira 15, às 14h. Um dia antes, porém, os trabalhadores reúnem-se com Marcial Portela, presidente do Santander Brasil, para discutir os problemas que o grupo enfrenta na Espanha. Representarão os trabalhadores a dirigente Rita Berlofa, a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, e o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

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Andréa Ponte Souza - 12/6/2012 (Atualizado às 18h50 de 13/6)
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