São Paulo – Por que o BNDES está sendo alvo de tantos questionamentos? Como o BNDES apoiou a JBS? Afinal, quem está por trás do BNDES? O BNDES financiou porto em Cuba? Por que o Brasil precisa de um Banco de Desenvolvimento? O que o BNDES faz pelo Brasil? Os juros do BNDES são uma “bolsa-empresário”?
Para responder essas e outras questões, os funcionários do banco de fomento lançaram campanha de esclarecimento direcionada à população.
“Somos funcionários do BNDES e resolvemos nos unir para criar um canal de informações sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Ninguém melhor que nós, que trabalhamos todos os dias no banco, para abrir um debate franco com a sociedade em busca de caminhos para superarmos essa crise e seguir impulsionando o desenvolvimento do País”, diz frase no site da campanha.
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A secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva, reforça a importância dessa campanha em defesa do BNDES. “O Sindicato está junto nessa luta. Vamos divulgar todas as ações de defesa do BNDES e sua manuntenção como banco púbico que tem políticas econômicas e sociais de suma importância no país. O desmonte do BNDES significa a descapitalização do país e menos geração de emprego", afirma a dirigente, presidenta eleita que tomará posse em julho para estar à frente do Sindicato até 2020.
Mas afinal, por que a necessidade deste canal de informações?
No final de 2016, Michel Temer determinou remanejamento de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro Nacional. Além disso, promulgou a Medida Provisória 777, que estabelece o fim da taxa subsidiada de juros concedida pelo BNDES (TJLP), e cria a Taxa de Longo Prazo (TLP), que será definida pela inflação medida pelo IPCA e por uma taxa de juros prefixada. Na prática, a TLP será estabelecida pelo mercado e encarecerá o financiamento.
A TJLP é o parâmetro do custo dos financiamentos concedidos pelo BNDES desde 1994. A TLP será calculada de acordo com metodologia definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e passa a vigorar a partir de 2018. De acordo com especialistas e economistas do próprio BNDES, o fim da TJLP encarecerá os empréstimos, o que prejudicará a retomada da economia e a geração de empregos.
“Acabar com a TJLP e anunciar medidas de financiamento para as pequenas e médias empresas é contraditório, porque se aumentar o custo do financiamento, vai aumentar o custo na ponta, e as pequenas e médias empresas vão sofrer com isso”, critica o economista do BNDES Arthur Koblitz. “Apoiar pequena e média empresa, da forma como isso vai ser feito, é jogo de cena. Não é só vontade politica que garante isso. Se não tiver nenhuma proposta nova, não trará resultado”, acrescenta.
“A TJLP é uma maneira de mitigar os efeitos dos juros altos, porque o investimento no setor produtivo gera emprego, renda, e amanhã vai gerar eficiência e capacidade produtiva que permite que a economia cresça mais aceleradamente. É essa dinâmica de investimento, em um quadro de juros estruturalmente altos – que é uma falha da macroeconomia brasileira –, que garante que o investimento seja protegido”, avaliou o economista do BNDES Marcelo Miterhof, em seminário promovido pelo Sindicato.