São Paulo – O cliente que entra em uma agência do Itaú se depara com a propaganda do Uniclass: “com os caixas exclusivos do Itaú Uniclass, você é atendido ainda mais rápido do que de costume. Presentes em mais de 1.300 agências, eles são feitos para resolver as suas necessidades financeiras rapidamente...”, e por aí vai.
No entanto, a realidade é bem diferente dos modelos estampados na propaganda do banco e também do prometido, sobre os caixas exclusivos.
Segundo a diretora do Sindicato Márcia Basqueira, em agências como a da Vila Romero, Joaquina Ramalho, Alberto Byington, Vila Nova Cachoeirinha, todas na zona norte, existe apenas um bancário na função de caixa e o caso se repete em várias regiões de São Paulo. “Como o cliente terá atendimento rápido e exclusivo em uma unidade com apenas um funcionário no caixa? Esse mesmo bancário atende os clientes preferenciais, o público em geral e os que possuem conta Uniclass”, explica.
Saúde x lucro – Desde abril, os funcionários do Itaú estão em campanha por valorização. Melhores condições de trabalho para que os funcionários tenham mais saúde é uma das reivindicações. No entanto, prestes a iniciar as negociações pela Campanha Nacional 2013, o banco não respondeu a nenhuma das exigências específicas.
“Fica muito claro para funcionários e clientes que, para o Itaú, o que importa é vender, fazer propaganda de serviços que nem sempre são executados na prática, por conta da prioridade que a instituição financeira dá ao lucro, e não às pessoas. Nem o cliente Uniclass ficará satisfeito, nem o bancário, que adoece por conta do acúmulo de trabalho, efeito das demissões dos últimos anos”, reforça a dirigente sindical. “O banco precisa rever o dimensionamento de caixas nas agências. Uma pessoa só para o atendimento é um absurdo”, completa Márcia.
Agir no alvo – E o programa próprio do Itaú (Agir) continua no alvo das polêmicas entre os bancários. Quem atende apenas clientes Uniclass possui uma meta específica, ainda mais alta que os bancários que atendem varejo. “No entanto, caso o trabalhador da agência tenha problemas para cumprir suas metas em determinado mês, o bancário responsável pelo Uniclass na mesma unidade não receberá sua remuneração variável daquele mês. Ou seja, a cobrança é individual, o assédio também, mas na hora de pagar o bancário pelas metas alcançadas, o banco muda de postura e foca em metas coletivas? Não faz sentido e cria um ambiente insustentável de competição desleal entre os colegas de trabalho”, alerta Márcia.
O Agir também é um dos eixos da campanha. A reivindicação é o Agir com regras claras, simples e alcançáveis e que todos recebam, sem discriminação.
Gisele Coutinho – 17/7/2013
