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Vice-ministra das Finanças grega pede demissão

Linha fina
Nadia Valavani afirmou que não pode ficar no governo votando contra acordo de resgate de 86 bilhões de euros em troca de série medidas que até FMI achou amarga demais
Imagem Destaque
São Paulo – A vice-ministra grega das Finanças, Nadia Valavani, apresentou na quarta 15 carta de demissão ao primeiro-ministro, Alexis Tsipras, na qual afirma que o acordo assinado na segunda-feira 13 com os credores europeus “não é viável”. Por ele, a Grécia recebe um empréstimo de 86 bilhões de euros com contrapartidas que incluem privatizações e corte nos direitos previdenciários, entre outras medidas amargas demais até para o FMI.

“Não vou votar a favor do projeto de lei [que adota o acordo com os credores] e penso que não posso ficar no governo votando contra”, disse Valavani, deputada do partido Syriza, em declarações citadas por agências internacionais. Na carta que enviou a Tsipras, a agora ex-governante explica que considera que o acordo, o terceiro programa de ajuda, foi na verdade “uma solução imposta à Grécia”.

No princípio da semana, o primeiro-ministro tinha previsto divisões dentro do seu próprio partido e chegou a dizer que iria confiar na oposição para aprovar o novo pacote de austeridade. O Parlamento grego tem até quarta 22 para votar.

Dentre os pontos estão aumento de impostos, alargamento da base tributária, reforma do sistema de pensões, programa de privatizações – como o do setor elétrico, com verbas destinadas a um fundo de financiamento ativo –, modernização da negociação coletiva – incluindo as demissões –, adoção do Código de Processo Civil que acelere processos judiciais, reduza custos e transponha para a legislação nacional regras comuns para a recuperação bancária, dentre outros pontos.

Financiamento-ponte – Antes, porém, a Grécia precisa quitar 3,5 bilhões de euros ao Banco Central Europeu, com prazo até segunda-feira 20. Como o acordo ainda necessita de tempo para começar a funcionar, o pagamento deve ser feito de forma emergencial, o chamado financiamento-ponte. Para tal, a Comissão Europeia propôs a utilização do fundo do qual participam os 28 Estados-membros da União Europeia, o EFSM.

Em conferência de imprensa, Valdis Dombrovskis, comissário europeu para o Euro, disse que a comissão está consciente das críticas apontadas por vários países de fora da zona do euro a essa solução, mas informou que, entre “as poucas opções disponíveis”, o recurso do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira é “a mais realista”.

FMI – Em relatório reservado, que veio a público na terça-feira 14, por intermédio da agência de notícias Reuters, até o FMI (Fundo Monetário Internacional) achou o acordo drástico. Para a entidade, a Grécia precisaria de um alívio de sua dívida bem maior do que as condições impostas.

O Fundo também é credor da Grécia, em cerca de 2 bilhões de euros, que já está em atraso, e por isso, segundo Dombrovskis, só vai participar do programa de resgate depois que receber.


Redação, com informações da Agência Lusa e da CUT - 15/7/15
 
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