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Impasse na presidência do Mercosul

Linha fina
Governo interino do Brasil e os de Argentina e Paraguai aliam-se na tentativa de evitar que Venezuela assuma bloco; reunião agendada para sábado para definir questão pode não ocorrer
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São Paulo – Com o boicote confirmado do Paraguai e o silêncio brasileiro, a reunião do Conselho do Mercosul, marcada para sábado 30, que poderia definir a transferência da presidência rotativa do bloco à Venezuela, pode nem mesmo ser realizada.

O governo interino brasileiro, e os argentino e paraguaio são aliados na tentativa de evitar que a Venezuela assuma o posto, apesar dos esforços do presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, e de seu chanceler Rodolfo Nin Novoa, para passar o comando ao país caribenho.

Embora a imprensa brasileira venha ignorando o tema, a mídia do continente tem abordado a crise instaurada no bloco. A Venezuela era para ter assumido a presidência pro tempore no último dia 12, mas a pressão dos três aliados provocou um impasse. Há três semanas, o ministro das Relações Exteriores interino do Brasil, José Serra, foi a Montevidéu pedir o adiamento da transferência.

Na terça 26, a cadeia Telesur informou que o chanceler uruguaio voltou a se manifestar favoravelmente ao cumprimento da agenda e disse que a situação é grave. “Estamos em uma situação, para mim, muito grave e eu digo francamente, porque sei o que pode acontecer mais tarde com o resto das presidências, se agora não é concedida (a transferência prevista à Venezuela)”, disse Nin Novoa.

Segundo o jornal uruguaio El País, a incerteza sobre a situação leva o bloco a uma virtual paralisia, que coloca em dúvida se haverá reunião de sábado. A realização da reunião é “duvidosa porque o Paraguai e o Brasil não comparecerão”, diz o periódico.

O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, garantiu que seu país não participará da reunião e, segundo o El País, do Uruguai, ele assegurou que Brasil e Argentina também não irão a Montevidéu.

De acordo com El Observador, Loizaga defendeu a posição de que a Venezuela de Nicolás Maduro não incorporou cláusulas e protocolos econômicos e relativos aos direitos humanos e que, sem isso, não pode ainda ser admitida como membro pleno do bloco. A posição do governo paraguaio, do presidente Horacio Cartes, e do argentino Mauricio Macri, é a mesma de Serra.

Em entrevista ao jornal Página/12 publicada no domingo 24, a ex-presidente argentina Cristina Kirchner comentou a “disputa” que se trava na América do Sul. “Acho que este ‘continente em disputa’ começou a ser visualizado claramente quando os governos populares de Brasil, Argentina, Venezuela e Bolívia começaram a ter relações políticas e econômicas com outros atores internacionais, principalmente com a China e a Rússia”, disse.

Rede Brasil Atual – 27/7/2016
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