
Representantes das trabalhadoras do ramo financeiro apresentaram e debateram na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM) propostas que vão compor as diretrizes de um novo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres:
• Estabelecer licença-parentalidade de 180 dias para cada genitor(a), com 60 dias obrigatórios em conjunto e os demais auto-organizados;
• Criar incentivo tributário para que empresas permitam trabalho remoto e flexibilização de horário de trabalho para trabalhadores com deficiência e responsáveis por pessoas com deficiência, priorizando as mulheres nessas situações;
• Criar programa de cotas para formação e aceleração de mulheres, contemplando todas as interseccionalidades, em áreas estratégicas: tecnologia, investimentos, finanças, engenharias, com incentivo financeiro e cotas para contratação e nomeação em 50% em todos os cargos de gestão.
As três propostas foram aprovadas na 5ª CNPM, realizada entre 29 de setembro e 1º de outubro, em Brasília, e deliberadas previamente na conferência livre realizada com trabalhadoras do ramo financeiro lotadas na base do Sindicato dos Bancários de são Paulo Osasco e Região, no dia 2 de agosto.
Ana Paula Vieira Freire, coordenadora do coletivo de gênero do Sindicato dos Bancários de São Paulo, destaca que os assuntos abordados na conferência livre das trabalhadoras do ramo financeiro foram incorporados nas propostas concebidas nas mais de 1.400 conferências realizadas em todo o país.
“A conferência nacional reúne todas as propostas em um importante espaço de debate democrático para criar políticas públicas que vão mudar a vida das mulheres. A lei Maria da Penha, o combate ao feminicídio e ao assédio sexual, a ocupação de mulheres em diretorias de empresas e a igualdade salarial são debates atuais construídos nessas conferências, que ocorriam desde 2004. Mas a partir do golpe contra a presidente Dilma Rousseff não foram mais realizadas conferências até 2025. É uma grande vitória o retorno desse espaço para as mulheres”, relata Ana Paula.
Com o tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”, a 5ª CNPM reuniu participantes do Brasil inteiro para debater questões centrais para a vida das mulheres, em 15 temas que tratam de assuntos como:
• Enfrentamento às desigualdades sociais, econômicas e raciais;
• Fortalecimento das mulheres em espaços de poder e decisão;
• Combate à violência de gênero;
• Políticas de cuidado e autonomia econômica;
• Saúde, educação e assistência social;
• Articulação entre governo e sociedade civil.
Na conferência livre realizada pelo Sindicato foram eleitas para representar trabalhadoras da base do Sindicato as bancárias Dini Nascimento Correia e Irene Juarez Dias.
Durante os três dias da 5ª CNPM, as participantes acompanharam painéis temáticos, os Espaços de Diálogo, e a Plenária Final com deliberação das propostas, além de atividades culturais, feira de economia solidária e a Tenda Mulheres e Clima, onde ocorreram debates e ações voltadas à justiça climática e de gênero.
“Foi um acontecimento ímpar. O poder de representatividade deu voz a mulheres de diferentes identidades: negras, indígenas, quilombolas, periféricas, rurais, LGBTQIA+, LBT com deficiência, jovens e idosas. Mostrou que a luta das mulheres não é homogênea, mas sim diversa, e que as políticas públicas precisam considerar essa pluralidade em suas especificidades”, destaca Irene Juarez Dias, dirigente, membro do coletivo de combate ao racismo do Sindicato e bancária do Santander.

“Estar com tantas mulheres, de tantas localidades, com tantas necessidades, de tantos argumentos, com tantos desejos, de tantos saberes… Que experiência, que aprendizado, que motivação, quanta esperança! Muitas necessidades, muitas vozes, muito a dizer, muito a fazer e muita energia. Apesar das diferenças, todas buscando as mesmas coisas: visibilidade, direitos e cuidados”, pontua Dini Nascimento Correia, bancária da Caixa Econômica Federal, dirigente sindical e representante da conferência livre das trabalhadoras do Ramo Financeiro.
“Avançamos ao aprovar nossas propostas, mas a luta é constante. A caminhada ainda é longa. E a educação tem papel fundamental para o letramento, o empoderamento, o posicionamento e conquistas de todas estas mulheres, seja de qual especificidade, origem, etnia, idade, condição, escolha, categoria for. Juntas somos fortes!”, afirma a dirigente.
