O setor bancário eliminou 2.057 postos de trabalho (17. 279 demitidos contra 15.222 admitidos) entre janeiro e junho deste ano, segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. Em junho, todavia, foram abertas 40 vagas (3.052 admitidos ante 3.012 demitidos).
No ano passado, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander lucraram R$ 85,9 bilhões, um crescimento de 16,2% em relação a 2017, quando essas empresas, que respondem por 90% dos empregos bancários no país, lucraram R$ 74 bilhões.
No primeiro semestre deste ano, Bradesco e Santander tiveram, respectivamente, lucros líquidos de R$ 12,7 bilhões (aumento de 23,7% em relação ao mesmo período de 2018) e R$ 7,120 bilhões (crescimento de 21% em doze meses).
“O setor bancário continua sendo um dos que mais lucram no Brasil neste cenário de grave crise econômica e desemprego altíssimo, seja por meio da cobrança de taxas e tarifas abusivas, de um spread bancário (diferença entre o que os bancos gastam para captar dinheiro e quanto eles cobram para emprestá-lo) dos mais elevados do mundo, da extinção de postos de trabalho com investimentos em tecnologia, por meio da rotatividade. Deveria era ter o mínimo de responsabilidade social e gerar empregos, não demitir trabalhadores”, salienta Erica de Oliveira, secretária de Formação do Sindicato e bancária do Bradesco.
Rotatividade
Além da extinção de postos de trabalho e a cobrança de tarifas e taxas abusivas, os bancos continuam lucrando também com a rotatividade, demitindo bancários que ganham mais e contratando funcionários por salários mais baixos.
Em junho, o salário médio dos demitidos equivalia a R$ 7.278, enquanto a remuneração média dos admitidos correspondeu a R$ 4.781. Isso significa que os novos funcionários foram contratados ganhando 66% do salário dos que foram demitidos.
O achatamento salarial no setor também foi verificado no período de janeiro a junho. Enquanto o salário médio dos demitidos era de R$ 7.010, a remuneração média dos admitidos correspondeu a R$ 4.673, o equivalente a 67% da média salarial dos primeiros.
Desigualdade de gênero persiste e aumenta
Entre os gêneros, a desigualdade não só continua como vem aumentando ao longo deste ano. Em junho, as mulheres foram contratadas ganhando em média R$ 3.866, 69% do salário dos homens admitidos (R$ 5.574). As demitidas ganhavam R$ 6.472 em média, 81% do salário médio dos dispensados (R$ 8.022).
No período de janeiro a junho, as bancárias admitidas ganhavam em média R$ 3.967, 75% da média dos homens admitidos (R$ 5.279). As demitidas ganhavam R$ 5.848 em média, 72% do que recebiam na média os dispensados (R$ 8.118).