Denúncia recebida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região revela qualidade e origem duvidosa do álcool em gel disponibilizado aos empregados e clientes pela Caixa para higienização das mãos em razão da pandemia de coronavírus.
Segundo a denúncia, a Caixa fez a compra de 3.940.000 litros de álcool em gel para atender suas unidades, em âmbito nacional, da empresa Wave Innovation Solutions do Brasil, com sede em Itajaí/SC.
A empresa já sofreu uma interdição cautelar em função de um lote de álcool 70 ter apresentado resultado “insatisfatório”. A análise foi feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Rio Grande do Sul, que concluiu que o produto continha entre 35,6% e 48,5% de teor de álcool etílico, contrariando resolução da ANVISA que prevê um mínimo de 70%.
O laudo apresentou, também, o mesmo resultado insatisfatório quanto ao aspecto, a rotulagem e o pH do produto.
As informações foram publicadas no Diário Oficial da União ( D.O.U. n°123) em 30 de junho e noticiam que o Ministério Público do Rio Grande do Sul recomendou o recolhimento do produto, em embalagens de 400ml, tanto no próprio estado quanto em Santa Catarina, sede da empresa.
Segundo o dirigente sindical André Sardão, empregado da Caixa, em São Paulo os lotes dos produtos não foram recolhidos e colocam em risco a vida e a saúde dos empregados, clientes e familiares pois não protegem do risco de contaminação. André lembra ainda o número de casos e mortes em São Paulo, entre eles alguns colegas bancários que perderam a vida para a Covid-19.
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"Em conversas com alguns empregados de pelo menos dez agências, as impressões são mesmo de que a qualidade é duvidosa, tanto que em boa parte dessas unidades o produto está sendo mais usado por clientes e terceirizados, e, em muitos casos, os próprios trabalhadores estão comprando seu próprio álcool por não confiarem na eficácia do produto", diz.
Ele ainda faz um alerta em relação ao armazenamento precário do produto, o que coloca ainda mais em risco a vida dos empregados, terceirizados e clientes da Caixa.
"Tem agência com mais de 60 galões de 5 litros estocados em suas dependências. Ou seja, mais de 300 litros de produto altamente inflamável, expondo pessoas a riscos reais de explosão e de incêndios, e a seus terríveis desdobramentos. São galões de 5 litros. E é dolorosamente óbvia a dificuldade de manejo. Chega a ser desolador o tamanho da irresponsabilidade da direção da Caixa com seus empregados e clientes", critica.
Contra prova
A Apcef-SP e o Sindicato enviaram ofício, em 16 de julho, solicitando à Caixa esclarecimentos sobre a qualidade do álcool em gel e também a disponibilização da documentação da empresa que comprova a eficácia do produto que está sendo utilizado em São Paulo.
Em resposta, ainda no dia 16, a Caixa encaminhou diversos documentos atestando a qualidade do álcool em gel comprado pelo banco público, entre eles avaliação de atividade bactericida, relatório de análises e liberação de lote.
Entre os documentos há ainda um laudo do Instituto Nacional de Criminalística, de 11 de junho, no qual o perito criminal Breno de Carvalho e Silva, atendendo solicitação do gerente da Ceinp/Caixa, atesta que todos os lotes enviados para análise apresentam teor de etanol acima de 60%, que seria a concentração mínima considerada eficiente no combate ao SARS-CoV-2.
> Clique aqui para conferir o laudo do Instituto Nacional de Criminalística, o relatório liberação do lote, a avaliação da atividade bactericida e a resposta da empresa Wave Cleaner à Caixa.
"A Caixa deu uma resposta que pra nós foi insuficiente, e estamos coletando material.O Sindicato irá ajudar a Apcef-SP a providenciar a execução de outro laudo", finaliza André.