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Chapéu
Campanha Nacional

Congresso reforça importância do caráter público do BB

Linha fina
Evento virtual reuniu delegados de todas as regiões do Brasil para discutir estratégias de enfrentamento ao desmonte da empresa
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Arte: Contraf-CUT

Os 212 delegados e delegadas do 31º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) reunidos virtualmente neste domingo 12 discutiram e definiram estratégias de luta em defesa do BB e reivindicações específicas para a Campanha Nacional dos Bancários 2020. O debate foi realizado on-line, face às necessidades impostas pela pandemia do novo coronavírus.

Em sua fala de abertura, o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga, alertou sobre a importância de o movimento sindical reinventar suas práticas devido à conjuntura adversa.

“A distância não nos limita, mas deixa muita saudade de estar junto  com vocês, como sempre estivemos. O momento é de desafios, não só face às declarações absurdas que temos acompanhado por parte do governo e da direção do banco, mas também pelo viés autoritário, quando os trabalhadores inclusive são censurados nos canais internos, ou quando ativos são entregues ao banco BTG, fundado pelo próprio Paulo Guedes”, analisou.

Em seguida, foi feita a defesa de teses e a votação da renovação da minuta de reivindicações do BB, que foi aprovada por 88% dos votantes pelo encaminhamento à mesa única de negociações. Depois, Bárbara Vallejos, do Dieese, fez uma apresentação sobre o panorama do Banco do Brasil, apresentando dados sobre investimentos em créditos agrícolas, a realidade do home office e os riscos de desmonte e privatização.

A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, ressaltou a importância da unidade para garantir direitos e avanços na campanha nacional que será realizada em um cenário adverso para os trabalhadores.

“A defesa dos bancos públicos está no centro da nossa campanha nacional. Nesta crise em que nos encontramos, a sociedade e as pequenas empresas precisam de crédito, e ainda bem que temos os bancos públicos para isso. O governo primeiro correu para proteger os bancos, e só depois as pessoas, o que é um absurdo. Esse governo não está nem um pouco preocupado com a economia, do contrário estaria socorrendo pessoas e pequenas empresas, preservando empregos. Este neste cenário que estamos fazendo nossa campanha. E é só com unidade sairemos vitoriosos”, frisou.

Debates

O Congresso foi dividido em três eixos. No primeiro, intitulado “O banco é dos brasileiros”, foi discutida a importância do Banco do Brasil para o desenvolvimento nacional. A mesa foi composta por Marcel Barros, diretor de Seguridade da Previ; Leonardo Penafiel Pinho, presidente da cooperativa de agronegócio Unisol Brasil; e o economista Murilo Barella.

“É importante discutir para quê serve um banco público. A gente precisa olhar como este instrumento de política econômica pode desenvolver as regiões. No interior, a gente vê como é importante ter um banco que cumpra o papel de vetor para atração de recursos e condições para que as pessoas produzam, mas também trazer sustentação. Nestas cidades do interior, o maior pagador de benefícios do INSS por exemplo é o Banco do Brasil, que movimenta a economia de muitas dessas cidades, assim como o BNB e Caixa”, ressaltou Marcel.

O turno da tarde começou com o eixo “Eles não vão gostar, mas não vamos largar nada”, que abordou a representação dos trabalhadores e a resistência diante da retirada de direitos. A mesa foi composta por Anderson Mendes, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde; o dirigente sindical do BB Wagner Nascimento; e Francisco Ferreira Alexandre, ex-presidente do Fundo de Pensão dos Trabalhadores da BRF.

“Temos que falar com amplitude sobre o tema dessa mesa. O movimento sindical está sendo muito atacado, como se representar associados e trabalhadores em diferentes instancias fosse um problema. Quem se incomoda com nossa representação é quem queria dominar todas as esferas de poder, que são os patrões”, disse Wagner. “Não vamos abrir mão da representação das trabalhadoras e trabalhadores. Quando falam atacando o movimento sindical é sempre com um desconhecimento muito grande sobre o que a organização sindical pode fazer pelos trabalhadores. Estamos em um ambiente de disputa entre classe trabalhadora e os patrões, mas não queremos destruir a empresa: queremos é melhorar a empresa, tratando de melhorias, saúde, jornada. É uma importante luta histórica, e o nosso é o lado de olhar de quem conhece a empresa em todos os seus aspectos”, completou.

Ao final, foi realizado o terceiro eixo: “Precisamos de um banco para conduzir uma política em favor da sociedade?”, foi o tema do debate. Na mesa, o deputado federal Christino Áureo; Regina Sousa, vice-governadora do Piauí; e Jilmar Tatto, ex-secretário de Transportes da Prefeitura de São Paulo. Os debatedores abordaram a importância dos bancos públicos para enfrentar crises e trazer melhorias para o dia a dia de todos os brasileiros. 

“Se não tivermos um estado forte e democrático, os privatistas acabam com o povo, com a natureza, com as cidades e as pessoas. Então tem que ter uma política social, uma política de prestação de serviços, e o Banco do Brasil é vital neste sentido para repensar o modelo de desenvolvimento econômico do país”, analisou Tatto.

“Nós não podemos ter ingenuidade de achar que essa defesa do Banco do Brasil não é confundida na sociedade com uma defesa corporativista. Quando tratamos de um assunto como esse, se tende a trazer uma suposta pauta de privilégios. O que nós temos a fazer é buscar esses elementos contra os quais não há argumentos, pois são números e dados sobre os efeitos do banco público na sociedade brasileira”, completou Áureo.

Após os debates, foram votadas moções e as propostas dos bancários para enfrentamento ao novo coronavírus; defesa dos bancos públicos; teletrabalho; defesas e melhorias para Cassi e Previ; e organização do movimento sindical. 

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