A décima quinta reunião do Grupo de Trabalho (GT) Saúde Caixa, realizada na quinta-feira 1, voltou a debater o modelo de custeio do Saúde Caixa a partir de 2022. Entretanto, as negociações continuam sem avanços por conta da intransigência da direção da Caixa, que insiste em aplicar as limitações previstas na Resolução 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR 23).
“A atual direção da Caixa vem implementando uma política financista que não se preocupa com a saúde dos empregados e de suas famílias. O governo Bolsonaro é a continuidade do governo Temer que, por meio da Emenda Constitucional 95, congelou os investimentos em Saúde pública até 2037. Desta forma, os ataques que estão sendo feitos pelo atual governo aos planos de autogestão, como o Saúde Caixa, têm a mesma origem dos ataques promovidos contra o SUS, com a EC 95, e com a CGPAR 23, em um movimento que beneficia exclusivamente os planos comerciais, muito mais caros e com coberturas mais débeis.”
Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicado dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e empregado da Caixa
“A gestão de Pedro Guimarães continua com esses ataques, não trazendo soluções para os empregados nos fóruns onde deveriam ser debatidos. Pelo contrário: cria novos problemas jogando os trabalhadores uns contra os outros, criando categorias de empregado”, acrescenta o dirigente.
Em 2020, em plena pandemia do novo coronavírus, mais de dois mil empregados ficaram de fora da cobertura do Saúde Caixa, incluindo os PCDs aprovados no concurso de 2014.
A forte mobilização dos empregados na Campanha Nacional dos Bancários de 2020 conseguiu reverter esta injustiça e garantir o Saúde Caixa para todos.
Um outro exemplo que comprova a tentativa das últimas direções da Caixa de inviabilizar o Saúde Caixa foi a inclusão, no estatuto do banco, de um teto de 6,5% da folha de pagamento para gastos do banco com o Saúde Caixa, em 2017.
Novamente a mobilização dos trabalhadores, nas Campanhas Nacionais dos Bancários de 2018 e de 2020, conseguiu afastar a medida.
“Agora a gana financista e a visão burocrática da atual direção da Caixa vem tentando inviabilizar o Saúde Caixa, porque, se por um lado não tem um limitador dos gastos da empresa, por outro não tem limitação nos gastos dos empregados, podendo a Caixa estipular aumentos exorbitantes, o que os empregados não podem permitir, por meio da mobilização contra esta atual direção submetida a visão ultraliberal do governo Bolsonaro”, afirma Dionísio.
Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicado dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e empregado da Caixa
Em 2020, a direção da Caixa já havia apresentado um conjunto de propostas que caracterizavam a individualização por faixa etária do plano de saúde, e a mudança do modelo de custeio. Alterações que os representantes dos empregados recusaram na mesa de negociação, e conseguiram afastar, por meio da mobilização dos trabalhadores do banco.
“Agora a direção da Caixa está trazendo as mesmas propostas, somente atualizando os valores. Paralelamente, está precarizando o serviços e a gestão do Saúde Caixa, inclusive com denúncias de descredenciamento de serviços médicos e mau atendimento. O Saúde Caixa é um dos melhores planos médicos que existem no país e cabe aos empregados fazer a defesa da sua sustentabilidade, sob risco de pagarem cada vez mais pelo direito a saúde, ou até mesmo de verem extinto seu convênio médico”, alerta Dionísio.
“É importante lembrar que a direção da Caixa tirou o Saúde Caixa da responsabilidade da Gestão de Pessoas e Saúde e colocou sob atribuição da área logística, assim como o governo federal, que colocou militares da logística no Ministério da Saúde. E o resultado disto é que o ex-ministro Eduardo Pazuello, considerado especialista em logística pelo governo federal, conseguiu deixar sem oxigênio o pulmão do mundo.”
Chico Pugliesi, dirigente sindical e integrante do conselho de usuários do Saúde Caixa