São Paulo – A rodada de negociação sobre a remuneração foi uma queda de braço. De um lado o Comando Nacional dos Bancários cobrando aumento real de salários, PLR maior, valorização do piso e dos auxílios, com estatísticas que mostram o resultado melhor do setor, a cada ano. Do outro, os representantes da federação dos bancos com o tradicional “chororô” de que o setor vai lucrar menos.
No fim, ficou acertado que a Fenaban apresentará proposta na terça-feira 28, Dia do Bancário. “Avisamos que, se os bancos quiserem valorizar a mesa de negociação, devem trazer respostas positivas às demandas da categoria”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, que faz parte do Comando. “Os bancos continuam com rentabilidade em alta, ganhando mais do que nunca com operações de crédito e tarifas. Ou seja, podem pagar o que os trabalhadores merecem.”
> Confira as principais reivindicações dos bancários
Aumento real – No debate desta quarta-feira 22, os representantes dos bancários mostraram que mais de 95% das categorias com campanha salarial no primeiro semestre tiveram aumento real de salário. Mas a Fenaban não quis comparar com outros setores, afirmando que o lucro das instituições financeiras foi pior este ano. “Ressaltamos que isso tem muito a ver com o aumento absurdo do provisionamento para devedores duvidosos (PDD) que os bancos fizeram, desproporcional ao aumento da inadimplência. Isso escondeu o lucro, mas outros indicadores (como rentabilidade, receita de prestação de serviços, operações de crédito) deixam claro que o setor continua ganhando muito, como sempre”, ressalta Juvandia. “Além disso, continua crescendo a remuneração dos executivos mais que a média dos salários, agravando a concentração de riqueza no país. Mas quem gera crescimento são salários em alta e só isso pode mudar esse quadro de desigualdade que ainda é grave no Brasil.”
> Aumento do provisionamento esconde lucros
> Receita com tarifas superam despesas com pessoal
Enquanto as despesas dos maiores bancos com pessoal, entre 2010 e 2011, cresceram 5,2%, a remuneração dos executivos subiu 14,29% no mesmo período.
PLR maior – Os bancos distribuem cada vez menos do lucro para os bancários a titulo de Participação nos Lucros e Resultados. Os grandes bancos distribuíam em media 10% em 2008. Em 2011, esse número caiu para 7,8%.
> Vídeo: Juvandia Moreira comenta sobre PLR
“Por isso insistimos em mudar a regra de pagamento da PLR, mas a Fenaban não aceita discutir essa mudança nem quer aumentar a PLR”, afirma Juvandia. A reivindicação dos trabalhadores prevê três salários mais R$ 4.961,25 como forma de aumentar o que as instituições pagam a seus funcionários. “Também deixamos claro que a categoria não vai pagar pelo aumento do PDD que escondeu os lucros. Isso é um truque contábil dos bancos, que não pode reduzir a PLR. Mas se a regra não mudar, vai diminuir a PLR dos bancários e não vamos aceitar. O provisionamento é exagerado e a inadimplência esta caindo.”
Auxílios – Com a alta inflação dos alimentos, os auxílios ajudam cada vez menos, argumentaram os integrantes do Comando para explicar a demanda de valorização dos auxílios refeição e alimentação. “Também queremos agregar uma nova conquista com a 13ª cesta-refeição e o 13º auxílio-babá. E que os aposentados mantenham esses auxílios, já que os bancos tratam esses valores como parte da remuneração. Eles, no entanto, afirmam não querer vínculo com seus aposentados.”
> Vídeo: Juvandia Moreira comenta sobre auxílios
Quanto ao auxílio-educação, a Fenaban repete a ladainha de que cada banco pode fazer do seu jeito e que não tem interesse de acertar uma regra geral na CCT, para todos os trabalhadores. “Lembramos que os bancos pagam para poucos e que há outros, como o Bradesco, que sequer pagam”, relata a presidenta do Sindicato. “Vamos continuar cobrando.”
> Vídeo: Juvandia Moreira comenta sobre auxílios-educação
Piso – Nessa mesma linha de valorização dos salários, os integrantes do Comando cobraram aumento maior para o piso, com referência ao valor que é considerado o mínimo pelo Dieese (R$ 2.416,38 em junho) para uma família de dois filhos com subsistência digna. “O setor que tem um dos maiores lucros, mas o menor piso da América Latina” destaca a presidenta do Sindicato. “Queremos agregar salário para a vida futura do trabalhador.”
> Vídeo: Juvandia Moreira comenta sobre piso e índice de reajuste
PCS – Sobre o plano de cargos e salários, a Fenaban também não quer regras porque isso está relacionado à gestão de cada banco. Para os bancários, o PCS corrigiria várias distorções, como a diferença salarial entre homens e mulheres, que atrapalham a rotina da categoria nos locais de trabalho.
Férias – A Fenaban ficou de analisar com os bancos a reivindicação de parcelar em até dez vezes o pagamento do adiantamento de férias. O Comando reforçou que é uma demanda dos bancários, algo novo que pode ser agregado à CCT e que já é praticado por bancos como Caixa e BB.
> Vídeo: Juvandia Moreira comenta sobre adiantamento de férias
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Salário substituto – Uma oportunidade. É assim que os representantes dos bancos encaram a situação em que o trabalhador é levado a assumir a função do gerente ou outro cargo mais alto, que esteja em férias ou licença. “Cobramos que seja feito o que é justo e que, enquanto assumir a função, o bancário receba o salário substituto”, afirma Juvandia. Mas para a Fenaban, trata-se de um “treinamento” pelo qual o bancário não deve receber.
Cláudia Motta - 22/8/2012
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Reunião no dia 28 deveria valorizar categoria. Comando Nacional reforça: lucro continua em alta e salários devem ter aumento real, PLR tem de ser maior, piso e auxílios têm de ser valorizados
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